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As estratégia do fascismo para censurar a mídia progressista no Brasil

  • Foto do escritor: Rey Aragon
    Rey Aragon
  • há 2 minutos
  • 8 min de leitura

Como o aparato legal dos EUA, aliado ao MAGA e à extrema-direita brasileira, prepara um plano de silenciamento digital contra vozes progressistas antes das eleições de 2026.


Denúncias coordenadas, rótulos como “antifa”, sanções econômicas, acesso a dados e tratados internacionais compõem um arsenal jurídico-tecnológico que pode ser usado para apagar seletivamente perfis, canais e páginas progressistas no Brasil. Uma engrenagem de guerra híbrida que ameaça a soberania informacional e a democracia brasileira.

Introdução — A engrenagem da censura híbrida



O Brasil está prestes a entrar em um ciclo eleitoral decisivo, e o campo progressista precisa compreender uma ameaça que não se manifesta em tanques nas ruas ou quartéis-generais de golpe, mas na arquitetura invisível da internet global. O que está em jogo não é apenas a disputa política de 2026, mas a própria soberania informacional do país.


A engrenagem já está montada: de um lado, a narrativa fabricada pela extrema-direita que rotula jornalistas, veículos independentes e movimentos sociais como “antifas”; do outro, o arsenal jurídico e tecnológico dos Estados Unidos, pronto para transformar esse rótulo em sanções, bloqueios e silenciamento digital. O resultado é um dispositivo de censura seletiva e cirúrgica que pode derrubar o ecossistema progressista brasileiro no momento em que mais precisa de voz.


Não se trata de teoria da conspiração. O mecanismo já foi testado em outros países — Rússia, Irã, Venezuela, Palestina, Cuba — onde sanções da OFAC, ordens executivas da Casa Branca, acordos de dados como o CLOUD Act e tratados como a Convenção de Budapeste se combinaram às políticas internas de plataformas digitais para apagar canais, desmonetizar mídias e expor redes de apoio. Agora, esse mesmo modus operandi se prepara para ser usado contra o Brasil, com um objetivo claro: quebrar a resistência democrática e enfraquecer o governo Lula no tabuleiro global.

O rótulo “antifa” como arma de guerra semântica



Poucas manipulações linguísticas foram tão eficazes para a extrema-direita quanto transformar “antifa” em sinônimo de inimigo público. O termo vem de antifascista — ou seja, quem combate o fascismo. Logo, quem é “anti-antifa” é, na prática, pró-fascista. Essa equação simples, que deveria ser óbvia, foi sequestrada e distorcida até virar arma retórica e jurídica.


Nos Estados Unidos, o movimento MAGA pressionou para que “antifa” fosse tratado como organização terrorista, apesar de não existir base legal para isso. No Brasil, o bolsonarismo seguiu o mesmo roteiro: perfis, jornalistas e veículos independentes passaram a ser rotulados de “antifas”, como se combater o fascismo fosse crime. Trata-se de um mecanismo de guerra cultural, que cria estigmas para justificar perseguição.


A força desse rótulo está em sua tradução automática para os sistemas internos das plataformas digitais. Termos como “organização perigosa”, “incitação à violência” ou “interferência estrangeira” servem de guarda-chuva para enquadrar vozes progressistas, mesmo que não haja qualquer prática ilegal. A simples acusação já basta para disparar algoritmos de moderação, acionar denúncias coordenadas e abrir caminho para sanções mais pesadas.


O que vemos, portanto, é um uso instrumental da linguagem: inverter significados, criminalizar a luta antifascista e naturalizar a conivência com o fascismo. A guerra começa na semântica, mas termina em censura real e concreta.

Do rótulo à censura digital: o modus operandi



Uma vez consolidado o rótulo de “antifa” como sinônimo de ameaça, o passo seguinte é operacionalizar a censura. O processo é silencioso, quase burocrático, mas devastador. Funciona em cadeia:


  1. Denúncias coordenadas — grupos organizados da extrema-direita promovem ataques de massa contra páginas, canais e perfis progressistas, acusando-os de incitar violência ou espalhar ódio.


  1. Tradução automática pelas plataformas — as denúncias caem nas categorias internas já prontas: “organizações perigosas”, “incitação à violência”, “interferência estrangeira”. O rótulo “antifa” encaixa como uma luva nesse arcabouço.


  1. Ação privada imediata — strikes sucessivos, desmonetização, downranking algorítmico (redução do alcance) e, em última instância, remoção de contas e canais inteiros.


  1. Escalada legal e política — quando necessário, os EUA acionam sanções, ordens executivas ou tratados internacionais, transformando acusações fluidas em obrigações de compliance que plataformas são forçadas a cumprir.


Esse modus operandi não é teoria: ele já foi testado e aplicado.


  • Rússia (2022): YouTube e Google Ads derrubaram RT e Sputnik globalmente.


  • Irã (2019): contas oficiais do IRGC desapareceram do Instagram após designação de terrorismo.


  • Venezuela (2017–2020): sanções da OFAC atingiram a teleSUR e outras mídias ligadas ao governo.


  • Palestina: bloqueios sistemáticos de contas e páginas ligadas a movimentos de resistência sob a justificativa de “terrorismo”.


  • Cuba: jornalistas independentes e meios críticos ao bloqueio foram alvo de exclusões no Facebook e Twitter, sob alegações de “violações de políticas”.


O fio condutor é o mesmo: narrativa + moderação privada + instrumentos jurídicos dos EUA. A engrenagem funciona porque cada peça reforça a outra. No Brasil, esse processo pode atingir o ecossistema progressista justamente no momento em que mais precisa de visibilidade: as eleições de 2026.

A camada jurídica dos EUA



Por trás das denúncias e da moderação algorítmica, existe um arsenal jurídico norte-americano pronto para transformar acusações fluidas em ordens concretas de censura e vigilância. É aqui que a guerra cultural se articula com a máquina de Estado.


OFAC/IEEPA — O Office of Foreign Assets Control (OFAC), do Tesouro, e a lei IEEPA dão ao presidente poder de declarar emergências nacionais e bloquear bens, serviços e transações. Uma vez sancionado, qualquer indivíduo ou entidade passa a ser radioativo: plataformas americanas (Google, Meta, Microsoft, PayPal, Stripe) são legalmente obrigadas a cortar contas, contratos, monetização e até mesmo hospedagem. Foi assim que a mídia russa perdeu espaço global após a guerra na Ucrânia.


CLOUD Act — A lei de 2018 obriga empresas americanas de tecnologia a entregar dados de usuários em qualquer lugar do mundo, inclusive se armazenados fora dos EUA. Além disso, cria acordos bilaterais que permitem pedidos diretos de informação entre governos. Isso significa que, em nome de investigações “antiterroristas” ou contra “grupos antifas”, dados de jornalistas e veículos brasileiros podem ser acessados com rapidez, sem necessidade de revisão judicial no Brasil.


Convenção de Budapeste / 2º Protocolo Adicional — Este tratado internacional sobre crimes cibernéticos, atualizado em 2022, permite que autoridades de países signatários façam pedidos diretos a provedores e registradores de domínios, dispensando canais diplomáticos tradicionais. Na prática, facilita a entrega de dados de contas progressistas a autoridades estrangeiras, abrindo brechas para uso político em contextos de guerra híbrida.


Ordens Executivas — A Casa Branca pode ainda emitir ordens como a de 2025, que classifica “detenções indevidas” de cidadãos americanos como motivo para sanções e restrições de visto. Outras tentativas de criar uma “lei antifa” também mostram o ímpeto de transformar retórica em poder coercitivo.


Essa arquitetura jurídica funciona como um campo minado: qualquer acusação pode ser o gatilho para que obrigações de compliance obriguem plataformas a derrubar canais, cortar financiamento e expor redes de apoio progressistas.

Pressão política e “jawboning”



Se o aparato jurídico garante a força coercitiva, a política fornece o clima de intimidação permanente. Nos Estados Unidos, esse mecanismo é conhecido como jawboning: o governo não precisa mandar diretamente as plataformas derrubarem conteúdos; basta sinalizar custos regulatórios, cortes de verbas e ameaças públicas para induzir a moderação “voluntária”.


O caso recente envolvendo a morte de Charlie Kirk e a suspensão do programa de Jimmy Kimmel é exemplar. Trump usou o episódio para atacar a ABC e voltou a sugerir que redes críticas deveriam perder concessões. Embora a FCC não possa cassar licenças por conteúdo jornalístico, o simples fato de o presidente colocar o tema em pauta já cria um ambiente de medo corporativo, onde executivos e advogados de plataformas preferem remover conteúdos e contas a correr o risco de retaliação futura.


Essa pressão não se limita às grandes redes privadas. Trump e aliados já avançaram contra a mídia pública, cortando verbas da NPR e da PBS, além de anunciar o fim da Corporação de Radiodifusão Pública (CPB). É o recado perfeito: quem desafia o poder, perde recursos, concessões ou espaço institucional.


No Brasil, a lógica pode ser replicada. A extrema-direita denuncia veículos progressistas como “antifas”, cria um ambiente de linchamento digital e, em seguida, sinaliza ao governo norte-americano que ali há “ameaças” a cidadãos ou interesses dos EUA. A partir daí, o jawboning transnacional entra em cena: plataformas, com medo de sanções, optam por agir preventivamente e derrubar conteúdos antes mesmo de uma ordem formal.


Assim, a pressão política indireta funciona como cola entre a narrativa e a lei. A engrenagem se completa: denúncia → intimidação → autocensura.

A economia política da censura



Nenhum desses mecanismos existe no vazio. A ofensiva contra o ecossistema progressista brasileiro não é apenas ideológica: ela está enraizada em interesses materiais concretos que movem o império digital e a extrema-direita global.


No centro está a regulação das big techs. O governo Lula, em sintonia com o STF, abriu a frente mais ousada de enfrentamento às plataformas digitais em todo o Ocidente, colocando na mesa a necessidade de limitar o poder algorítmico, taxar empresas e responsabilizá-las por desinformação. Para os EUA, isso significa ameaçar a joia da coroa de seu domínio geopolítico: o complexo civil-militar de tecnologia, dados e plataformas.


Outro ponto nevrálgico é o BRICS. A aproximação brasileira com a China, a Rússia, a Índia e a África do Sul — especialmente nos temas de inteligência artificial, infraestrutura de dados e moedas alternativas ao dólar — desafia a hegemonia financeira e informacional de Washington. É nesse tabuleiro que a narrativa antifa e a engrenagem jurídica entram como armas para desgastar a credibilidade do Brasil e fragilizar sua liderança internacional.


E há ainda a disputa por recursos estratégicos, como as terras raras da Amazônia e o petróleo da Margem Equatorial. Esses insumos são a base da transição energética e da indústria de alta tecnologia. Qualquer governo que defenda soberania sobre eles será classificado como “hostil” aos interesses do capital transnacional. O silenciamento das vozes progressistas é parte dessa guerra: sem comunicação, não há resistência política organizada.


Portanto, a censura não é apenas cultural ou tecnológica: é econômica e geopolítica. Derrubar perfis, canais e páginas progressistas no Brasil significa abrir caminho para a captura de dados, recursos e mercados pelo império digital.

Cenário 2026 — O risco de apagão progressista



O Brasil entrará em 2026 sob uma tempestade híbrida. A engrenagem já testada em outros países pode ser aplicada de forma seletiva e cirúrgica contra o ecossistema progressista brasileiro no auge da disputa eleitoral.


O roteiro é previsível: denúncias coordenadas contra perfis, canais e veículos progressistas → tradução automática pelas plataformas em categorias como “organizações perigosas” ou “interferência estrangeira” → strikes, desmonetização e remoções em massa → pressão política e sanções legais dos EUA, transformando acusações fluidas em obrigações de compliance.


O efeito concreto é a criação de um apagão comunicacional seletivo: no exato momento em que Lula e as forças progressistas desafiam os interesses estratégicos do império digital — regulação das big techs, BRICS, terras raras, soberania informacional — seus canais de comunicação podem ser reduzidos ao silêncio por bloqueios, cortes de monetização e remoções algorítmicas.


Mais do que censura, trata-se de uma operação de estrangulamento da democracia. O campo progressista pode entrar em 2026 em desvantagem brutal, não apenas contra a máquina de fake news da extrema-direita, mas contra a própria infraestrutura global que controla as plataformas. É o uso da guerra cultural, jurídica e tecnológica para manipular o campo de batalha eleitoral.

Denúncia e alerta final



O que está diante de nós não é apenas a ameaça difusa da desinformação, mas um plano estruturado de guerra híbrida, que combina narrativa, tecnologia, lei e geopolítica para sufocar a voz progressista no Brasil. Ao transformar “antifa” em inimigo público, o eixo EUA/MAGA/Bolsonarismo cria a base semântica para criminalizar quem defende a democracia. Ao usar as plataformas digitais como intermediárias, converte denúncias coordenadas em censura privada. E ao acionar instrumentos como OFAC/IEEPA, CLOUD Act e Budapeste 2, dá roupagem legal a perseguições políticas, transformando acusações em obrigações formais de compliance.


O alvo é claro: o ecossistema progressista brasileiro. O momento também: as eleições de 2026. Se a engrenagem for acionada, veremos perfis derrubados, canais apagados, monetização cortada e redes de apoio expostas, tudo sob a justificativa de “combater extremistas”. Na prática, será a vitória da estratégia fascista de silenciar os antifascistas.


Por isso, é urgente denunciar e alertar. Quem é anti-antifa é, objetivamente, pró-fascista. E permitir que esse dispositivo de censura se instale é aceitar que a democracia brasileira seja sufocada em plena disputa eleitoral. Cabe às forças progressistas, às instituições democráticas e à sociedade civil construir barreiras de soberania informacional, ampliar a resistência e se preparar para o confronto inevitável. Porque a batalha que vem não será apenas eleitoral: será pela sobrevivência da voz progressista no espaço público digital e, em última instância, pela própria democracia no Brasil.


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