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Extrema-direita declara guerra: do neonazismo à perseguição no Brasil

  • Foto do escritor: Rey Aragon
    Rey Aragon
  • 13 de set.
  • 15 min de leitura

A mimetização do ódio norte-americano pela extrema-direita brasileira cria uma máquina de perseguição, ameaça e violência contra a democracia, a sociedade e os cidadãos


Após a condenação de Bolsonaro e o assassinato do líder ultradireitista Charlie Kirk, a extrema-direita nacional intensificou sua guerra cultural: listas de perseguição, doxxing, ameaças, boicotes e uso da lei estrangeira como arma política. Este artigo denuncia, com provas, como líderes fascistas e neonazistas exploram a fragilidade cognitiva de sua base para impor uma cruzada de ódio que ameaça o Brasil. É hora da democracia reagir.

Introdução – A guerra cultural em curso



O Brasil atravessa um momento histórico em que a democracia está sendo testada até seus limites. A condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e o assassinato do ultradireitista norte-americano Charlie Kirk, fundador da Turning Point USA, não são fatos isolados, mas episódios de um mesmo fenômeno: a consolidação de uma internacional fascista que usa a guerra cultural como arma estratégica para corroer instituições, intimidar opositores e destruir o Estado de direito.


Nos Estados Unidos, a morte de Kirk foi imediatamente convertida em capital político pela extrema-direita. Seus líderes — como Stephen Miller e Elon Musk — transformaram o crime em bandeira de mobilização, insuflando perseguições contra professores, jornalistas e cidadãos comuns que ousaram criticar ou ironizar o episódio. A lógica é simples e brutal: transformar um personagem já conhecido por sua retórica supremacista branca em mártir e, a partir daí, licenciar uma caça às bruxas digital.


No Brasil, o roteiro foi rapidamente importado. Parlamentares como Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer reproduzem o mesmo padrão de linchamento político e cultural. A narrativa do “mártir perseguido” serve de combustível para listas negras, campanhas de assédio, doxxing e intimidação. Mais grave ainda: a extrema-direita brasileira agora invoca a própria legislação estrangeira, como a Lei Magnitsky, para ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal — numa clara tentativa de submeter a soberania nacional à lógica fascista internacional.


Estamos diante de uma engrenagem que combina fundamentalismo religioso, armamentismo e violência simbólica para criar um ambiente de medo e perseguição. É uma ofensiva articulada, transnacional, que explora a fragilidade cognitiva e emocional de sua base e que, ao mesmo tempo, busca capturar instituições e paralisar a reação democrática. Não é exagero afirmar: trata-se de uma guerra cultural em andamento, e dela depende o futuro do Brasil como sociedade plural, democrática e soberana.

O mártir fabricado: Charlie Kirk e o uso da morte como propaganda





Charlie Kirk, fundador da Turning Point USA (TPUSA), foi um dos principais articuladores da extrema-direita norte-americana. Sob sua liderança, a TPUSA construiu um verdadeiro exército juvenil ultraconservador, transformando universidades em campos de batalha ideológica. Não era apenas um ativista: Kirk organizou perseguições sistemáticas a professores e acadêmicos através do projeto Professor Watchlist, um banco de dados que expunha docentes considerados “liberais” ou “de esquerda”, abrindo caminho para linchamentos virtuais e pressão institucional. Ao longo de sua trajetória, flertou repetidas vezes com discursos de supremacia branca, inclusive difundindo a teoria da “Grande Substituição”, uma narrativa conspiratória típica do neonazismo contemporâneo.


Quando Kirk foi assassinado em setembro de 2025, em um evento universitário em Utah, a extrema-direita norte-americana encontrou a oportunidade perfeita para transformar um ideólogo do ódio em mártir. Não se tratava de lamentar uma vida perdida, mas de instrumentalizar a morte como combustível político. Líderes como Stephen Miller declararam que a mensagem final de Kirk era a de “desmantelar a esquerda radical”, sinalizando que a resposta deveria ser de retaliação. Já Elon Musk apontou as universidades como responsáveis pela “radicalização” do ambiente, incitando uma guerra cultural aberta contra o meio acadêmico.


A partir daí, criou-se um ambiente de punição sistemática contra qualquer um que ousasse criticar ou ironizar a morte de Kirk. Professores foram demitidos de escolas e universidades, funcionários públicos e profissionais de saúde perderam seus empregos, artistas foram boicotados, e até analistas de TV e roteiristas de quadrinhos tiveram contratos cancelados. Sites anônimos surgiram para doxxar cidadãos comuns, listando nomes, locais de trabalho e comentários feitos em redes sociais. A perseguição extrapolou fronteiras: o próprio Departamento de Estado norte-americano ameaçou restringir vistos de estrangeiros que “glorificassem” o assassinato.


Esse mecanismo de transformar Kirk em mártir serve como licença moral para o vigilantismo digital e institucional. Em vez de debater as causas do crime ou refletir sobre o papel corrosivo de sua retórica, a extrema-direita preferiu canonizar um supremacista branco e usar sua morte como justificativa para ampliar o cerco contra opositores. A mensagem era clara: não se tratava de defender a liberdade de expressão, mas de impor, pela coerção, uma hegemonia discursiva do medo.

O elo transnacional: MAGA e bolsonarismo em sintonia



A extrema-direita brasileira não é um fenômeno isolado. Ela faz parte de uma engrenagem global, cujo centro irradiador são os Estados Unidos, especialmente o movimento MAGA. A ligação entre os dois núcleos é visível nas falas, nas táticas, nas alianças políticas e até no uso de instrumentos legais internacionais como arma de intimidação.


Nos EUA, Stephen Miller, estrategista do trumpismo, declarou após o assassinato de Charlie Kirk que a mensagem final do ideólogo era “desmantelar a esquerda radical”. É a tradução literal da lógica fascista: transformar o Estado em máquina de perseguição política. Da mesma forma, Elon Musk culpou universidades pela “radicalização”, insuflando uma cruzada contra o ensino superior, alvo preferencial dos movimentos autoritários.


No Brasil, a mesma retórica é ecoada por parlamentares como Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, ambos já condenados por práticas criminosas: Ferreira por transfobia e Gayer por assédio eleitoral. Esses atores não falam apenas para a base interna, mas constroem uma narrativa que dialoga diretamente com a retórica norte-americana — a de que qualquer crítica ao extremismo deve ser tratada como ameaça à ordem.


Mais grave é a atuação de Eduardo Bolsonaro, que chegou a invocar a Lei Magnitsky, usada pelo governo dos EUA para sancionar autoridades estrangeiras, como ameaça contra ministros do Supremo Tribunal Federal que votaram pela condenação de seu pai. Trata-se de um gesto sem precedentes: a tentativa explícita de usar um instrumento estrangeiro para constranger o Judiciário brasileiro, num claro ataque à soberania nacional.


Esse alinhamento não é coincidência. Ele revela que o bolsonarismo é um satélite do trumpismo, dependente de sua narrativa, de sua base tecnológica e de seus métodos de guerra cultural. O objetivo comum é evidente: destruir a democracia liberal a partir de dentro, corroendo as instituições e dividindo a sociedade em campos irreconciliáveis.

O modus operandi da perseguição



A engrenagem da extrema-direita opera como uma máquina bem azeitada de linchamento público. Nos Estados Unidos, após o assassinato de Charlie Kirk, surgiram sites anônimos para expor críticos do líder ultradireitista, listando nomes, cargos e locais de trabalho. Professores, funcionários de hospitais, bombeiros e até analistas de TV foram demitidos ou suspensos por comentários críticos ou irônicos. A lógica foi clara: transformar a morte de um supremacista branco em licença para caça às bruxas.


No Brasil, o roteiro foi importado sem disfarces. Parlamentares e influenciadores da extrema-direita passaram a organizar threads de perseguição, estimulando seguidores a marcar a Embaixada dos Estados Unidos em posts de artistas e jornalistas como Felipe Neto, para sugerir que perdessem vistos ou fossem punidos internacionalmente. A tática “marquem a embaixada” é a versão tropical da mesma prática de doxxing usada nos EUA: pressionar por demissões, cancelamentos e boicotes a partir da exposição massiva de indivíduos nas redes.


Esse modus operandi combina assédio digital, perseguição institucional e pressão econômica. O alvo não precisa ser preso para ser silenciado — basta perder o emprego, ter contratos rescindidos, shows cancelados, patrocínios retirados. A censura não vem por decreto, mas pelo terror social organizado. O ataque é coordenado: começa com as lideranças extremistas insuflando ódio em lives e discursos, ganha volume em redes sociais com exércitos de seguidores e bots, e termina na esfera privada, onde empregadores e empresas cedem à pressão para se desvincular da “polêmica”.


Há também a face judicial desse modus operandi: o lawfare. Nos EUA, Stephen Miller chegou a defender o uso da lei RICO (tradicionalmente aplicada a máfias) contra opositores políticos. No Brasil, Eduardo Bolsonaro ameaçou ministros do STF com sanções internacionais. A mensagem é idêntica: usar as próprias ferramentas do Estado e da lei como armas de intimidação contra quem se opõe ao projeto autoritário.


Esse ciclo revela a essência fascista do método: a perseguição não é um excesso de alguns militantes, mas uma política deliberada, orquestrada e replicada transnacionalmente. O objetivo não é apenas calar vozes individuais, mas criar um efeito de congelamento coletivo, em que milhares de cidadãos pensam duas vezes antes de criticar ou se posicionar, por medo de retaliação.

Crimes configurados: a linha da ilegalidade



O modus operandi da extrema-direita, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, não é apenas um fenômeno político ou cultural — ele atravessa a linha da legalidade e configura um conjunto de crimes que precisam ser tratados com todo o rigor do Estado.


No Brasil, há casos concretos que demonstram esse padrão. O deputado Nikolas Ferreira já foi condenado a indenizar em R$ 200 mil por discurso transfóbico na Câmara dos Deputados e também a pagar R$ 30 mil à vereadora Duda Salabert por danos morais. Da mesma forma, Gustavo Gayer foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar R$ 80 mil por assédio eleitoral, ao coagir trabalhadores em contexto de campanha. São exemplos cristalinos de como parlamentares eleitos usam seu poder para violar direitos fundamentais e atacar minorias, transformando sua atuação política em prática criminosa.


O que ocorre em escala maior — doxxing, listas negras, ameaças, campanhas de cancelamento e boicotes, pressão sobre empregadores e intimidação contra ministros do Supremo — pode configurar uma série de tipos penais previstos no Código Penal e em legislações especiais:


  • Ameaça (art. 147 do CP), quando se busca intimidar autoridades, jornalistas, artistas e cidadãos comuns;


  • Perseguição ou stalking (art. 147-A do CP), quando a violência psicológica e o assédio reiterado afetam a liberdade de expressão e a tranquilidade das vítimas;


  • Crimes contra a honra (arts. 138 a 140 do CP), por calúnia, difamação e injúria propagadas em massa;


  • Incitação e apologia ao crime (arts. 286 e 287 do CP), quando há convocações explícitas à violência;


  • Racismo e propaganda nazista (Lei 7.716/1989), aplicável a casos em que se propaga ideologias de supremacia branca ou se faz apologia ao nazismo;


  • Organização criminosa (Lei 12.850/2013), pois a estrutura coordenada de assédio digital, com divisão de tarefas e objetivos comuns, pode configurar rede criminosa;


  • Violação da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018), em casos de doxxing e coleta ilegal de informações pessoais, sujeitando agentes e plataformas a sanções administrativas e judiciais.


Nos Estados Unidos, os desdobramentos após a morte de Charlie Kirk também apontam para abusos que tangenciam a ilegalidade: a criação de sites de doxxing, que expõem informações pessoais de críticos, pode configurar violação de privacidade e incitação ao assédio; o uso de sanções e ameaças diplomáticas para perseguir opositores internacionais é um exemplo de instrumentalização do Estado para perseguição política, típico do fascismo.


A mensagem é inequívoca: estamos diante de um ecossistema criminoso, que mistura violência digital, perseguição física, chantagem econômica e intimidação institucional. Não é mais uma questão de opinião política, mas de aplicação da lei. Democracias que não punirem tais práticas estarão, na prática, permitindo que o fascismo se organize e se fortaleça sob o manto da impunidade.

A hipocrisia da extrema-direita



Se existe uma marca incontornável da extrema-direita, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, é a hipocrisia estrutural que atravessa seu discurso e sua prática. Esses atores se apresentam como defensores da “liberdade de expressão”, mas na prática operam exatamente no sentido contrário: perseguem, silenciam e destroem reputações de qualquer pessoa que ouse criticar seus líderes ou ideologias.


Nos Estados Unidos, após o assassinato de Charlie Kirk, líderes como Stephen Miller e Elon Musk acusaram críticos de “incitar ódio”, enquanto a própria máquina extremista promovia linchamentos digitais, doxxing e campanhas de demissão contra cidadãos comuns. O mesmo acontece no Brasil: parlamentares como Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer falam em “direito de opinião” quando propagam discursos transfóbicos ou racistas, mas acionam suas bases digitais para sufocar artistas, jornalistas e professores que denunciam seus abusos.


Essa contradição não é acidental, mas parte do DNA fascista. A ideia de liberdade que defendem não é universal, mas seletiva e instrumental: serve apenas para proteger a difusão do ódio, nunca para garantir a pluralidade democrática. É por isso que o mesmo grupo que defende a “liberdade de piada” para atacar minorias exige censura e perseguição quando humoristas de esquerda ironizam figuras da extrema-direita.


A hipocrisia se manifesta também no plano institucional. Eduardo Bolsonaro invoca a Lei Magnitsky — um instrumento de política externa dos Estados Unidos — para ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal. Ou seja: enquanto denunciam uma suposta “ingerência internacional da esquerda globalista”, recorrem à legislação estrangeira para tentar intimidar autoridades brasileiras. É a prova de que não há coerência, apenas cálculo político e disposição para usar qualquer arma que sirva ao projeto autoritário.


Em resumo: a extrema-direita não defende a liberdade de expressão, mas sim a liberdade de agressão. Querem falar sem limites, mas não toleram ser contestados. Essa seletividade escancara o caráter antidemocrático de seus líderes e seguidores: não se trata de defender direitos, mas de construir um regime de exceção em que só o discurso fascista tem lugar.

A exploração da base vulnerável



Um dos elementos mais perversos da engrenagem fascista é a forma como seus líderes exploram a fragilidade cognitiva, intelectual e emocional de sua base social. Não estamos falando de um fenômeno espontâneo, mas de uma estratégia consciente, planejada e repetida.


A psicologia comportamental nos ajuda a entender esse mecanismo. A base da extrema-direita, no Brasil e nos Estados Unidos, é formada em grande parte por indivíduos submetidos a dissonância cognitiva permanente — incapazes de conciliar crenças simplistas com a complexidade do mundo real. Esse grupo apresenta forte dependência de heurísticas de autoridade: acreditam cegamente em seus líderes, não porque estes falem a verdade, mas porque oferecem certezas absolutas em meio à angústia e à insegurança social. A vulnerabilidade é ainda mais profunda em contextos de precariedade educacional e isolamento cultural, onde proliferam fundamentalismos religiosos, teorias conspiratórias e mitologias nacionalistas.


Os líderes sabem disso. Não são ingênuos nem ignorantes; são mau-caráter e calculistas. Figuras como Charlie Kirk, Stephen Miller, Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer exploram essa fragilidade de modo covarde: transformam cidadãos frágeis em soldados da guerra cultural, incitando-os contra inimigos imaginários — comunistas, feministas, professores, artistas, ministros do STF. Ao mobilizar emoções primárias como medo, raiva e ressentimento, conseguem canalizar a frustração social para o ódio político.


Esse processo de radicalização não é apenas retórico, mas gera riscos concretos. Indivíduos cognitivamente limitados e emocionalmente instáveis, quando convencidos de que lutam uma batalha “sagrada” contra o mal, tornam-se propensos a comportamentos violentos. O fascismo moderno se sustenta justamente nesse ciclo: líderes fabricam a narrativa, a base radicalizada executa a violência, e depois os próprios líderes se apresentam como vítimas de censura ou perseguição.


O resultado é uma massa de manobra que funciona como exército irregular da extrema-direita, sempre disponível para campanhas de assédio digital, perseguição física ou até ações violentas. Não há nada de espontâneo nisso: é engenharia social deliberada, que combina técnicas de psicologia comportamental com estratégias de guerra cultural e guerra híbrida.

Reações globais: resistência e recusa



Enquanto nos Estados Unidos e no Brasil a extrema-direita tenta transformar Charlie Kirk em um mártir da “liberdade de expressão” e usa sua morte como licença para a perseguição, a Europa ofereceu um exemplo de resistência institucional. No Parlamento Europeu, a ala ultraconservadora ECR (European Conservatives and Reformists) tentou aprovar um minuto de silêncio em homenagem a Kirk. A iniciativa foi barrada pela presidente da Casa, Roberta Metsola, e pela vice-presidente Katarina Barley, sob o argumento de que homenagens só podem ser feitas no início das sessões.


A recusa provocou protestos dos deputados da direita radical, que bateram nas mesas e acusaram a direção do Parlamento de “hipocrisia”. Mas o gesto teve um valor simbólico imenso: ao negar a homenagem, o Parlamento Europeu deixou claro que não legitimaria a canonização de um militante supremacista branco, acusado reiteradamente de promover a teoria da “Grande Substituição” e de incitar perseguições contra minorias.


Esse episódio mostra que democracias podem e devem traçar limites claros diante do avanço fascista. Não se trata de censura, mas de preservação dos valores fundamentais contra a tentativa de normalização do ódio. A recusa em homenagear Kirk não apagou sua morte, mas evitou que ela fosse instrumentalizada como triunfo político do neonazismo.


No Brasil, o contraste é gritante. Enquanto a União Europeia demonstra firmeza institucional, aqui parlamentares e influenciadores correm para repetir o roteiro norte-americano, transformando um extremista violento em símbolo de mobilização. É justamente por isso que a reação internacional deve servir de alerta: a recusa em legitimar o fascismo é um ato de defesa democrática, e não uma concessão.


Esse contraste reforça a necessidade de ação imediata das instituições brasileiras: se o Parlamento Europeu pode bloquear homenagens a um supremacista, o Brasil também pode — e deve — negar espaço a práticas, discursos e símbolos neonazistas. A complacência, nesse cenário, equivale à cumplicidade.

O risco para o Brasil: fascismo, violência e captura institucional



O Brasil não está diante de uma ameaça abstrata ou distante: o que se vê é a implantação acelerada de um projeto fascista que mira a captura das instituições, a naturalização da violência política e a corrosão da própria vida democrática. A mimetização do trumpismo não é estética, é estratégica — e já mostra sinais alarmantes no país.


O primeiro risco é a escalada da violência política. A base radicalizada, estimulada por líderes como Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, se sente autorizada a perseguir opositores em nome de uma cruzada moral e religiosa. A combinação de armamentismo, fundamentalismo e discurso de ódio cria um caldo explosivo, capaz de transformar frustração em agressão física. Não é coincidência que ataques a jornalistas, artistas e professores já tenham se multiplicado nas últimas eleições: a radicalização digital se converte em violência real.


O segundo risco é a infiltração em segmentos das forças de segurança. Setores das polícias militares, civis e até das Forças Armadas apresentam simpatia pelo bolsonarismo, o que aumenta a vulnerabilidade institucional. Uma base armada, alimentada por ideologia fascista, pode se tornar não apenas massa de manobra digital, mas também força paramilitar informal, capaz de desestabilizar o país em momentos de crise política.


O terceiro risco é a captura institucional. O lawfare já se tornou uma ferramenta da extrema-direita: tentativas de usar a Lei Magnitsky contra ministros do STF e campanhas de intimidação contra Flávio Dino e Alexandre de Moraes mostram que o projeto autoritário busca paralisar o Judiciário, corroer a confiança na imprensa e intimidar universidades. O objetivo não é apenas silenciar críticos, mas substituir o Estado de direito por um Estado de exceção permanente, em que o fascismo governa pela ameaça.


Por fim, há o risco da normalização social do fascismo. A cada campanha de perseguição, mais cidadãos comuns passam a acreditar que é “normal” caçar humoristas, professores ou ministros da Suprema Corte. A cada lista negra, a cada linchamento digital, a democracia perde espaço para a lógica da intimidação. Esse é o efeito mais corrosivo: transformar o autoritarismo em hábito, até que o país acorde submerso em uma guerra cultural irreversível.


O Brasil, hoje, é um laboratório da extrema-direita global. Se a democracia não reagir agora, os próximos anos poderão consolidar uma estrutura de poder fascista que não se limitará a discursos, mas se afirmará pela violência organizada e pela captura institucional.

Chamado à reação democrática



O que está em jogo no Brasil não é apenas uma disputa de narrativas, mas a sobrevivência da própria democracia. O fascismo não pede passagem: ele avança, testa limites e ocupa todos os espaços onde encontra silêncio ou omissão. Cada lista negra, cada campanha de perseguição, cada ameaça a ministros e jornalistas é um alerta de que o país está diante de um projeto autoritário em plena execução.


É por isso que a reação precisa ser firme, articulada e imediata. As instituições brasileiras — Supremo Tribunal Federal, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Tribunal Superior Eleitoral, ANPD — não podem tratar a guerra cultural como mera “opinião política”. Quando parlamentares incitam perseguição, quando ameaçam com legislação estrangeira, quando organizam linchamentos digitais, eles não estão exercendo liberdade de expressão: estão cometendo crimes que precisam ser punidos com o rigor da lei.


Mas a luta não é apenas institucional. É também social e cultural. A imprensa democrática deve denunciar sem medo, expor os vínculos entre o bolsonarismo e o trumpismo, mostrar as conexões com o neonazismo e revelar o caráter criminoso desses líderes. A sociedade civil, sindicatos, movimentos estudantis e entidades religiosas progressistas precisam mobilizar-se para defender o direito básico de existir sem ser perseguido por opiniões políticas.


A democracia não pode mais recuar diante de criminosos que se escondem atrás da palavra “conservadorismo” para disseminar ódio. É hora de agir com todas as ferramentas legais, políticas e culturais para garantir que esses atores sejam responsabilizados. Não se trata de censura, mas de proteção da sociedade contra um projeto fascista que, se não for contido, pode transformar o Brasil em terreno fértil para a violência política permanente.


Este chamado é, portanto, mais que denúncia: é um aviso e uma convocação. Ou reagimos agora, com a força da lei e da mobilização social, ou entregaremos o futuro do país ao fascismo armado, racista e fundamentalista.

Conclusão – Documento histórico de denúncia



Este artigo não é apenas uma análise: é um ato de denúncia histórica. O que está em curso no Brasil e no mundo é a tentativa de consolidar um projeto fascista, travestido de conservadorismo, que explora a fragilidade cognitiva e emocional de sua base, enquanto seus líderes — calculistas, violentos, neonazistas e racistas — operam uma engrenagem de destruição democrática.


Ao transformar um supremacista branco como Charlie Kirk em mártir, a extrema-direita global revela sua verdadeira face: não se trata de defender liberdade, mas de normalizar o ódio e a perseguição como método de poder. No Brasil, a mimetização desse roteiro por figuras como Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer mostra que estamos diante de uma rede articulada que atua com os mesmos objetivos: intimidar, silenciar, corroer instituições e preparar o terreno para a violência política.


A democracia brasileira não pode se enganar: essas pessoas não querem conviver em sociedade, querem destruí-la. São criminosos que precisam ser responsabilizados dentro da lei, sem concessões. Muitos deles já foram condenados por práticas criminosas; outros devem responder por ameaças, perseguição, incitação e apologia ao nazismo. Cada vez que o sistema de justiça hesita, eles avançam.


Este texto é, portanto, mais que um artigo — é um documento de combate. Um chamado para que instituições, imprensa, sociedade civil e cidadãos democratas entendam que a batalha não é apenas política, mas existencial. Ou reagimos agora, com coragem e firmeza, ou entregaremos o Brasil às trevas de um fascismo que já se organiza nas sombras e à luz do dia.


A história nos cobra. O futuro nos observa. A democracia não sobreviverá pela inércia, mas pela resistência. Este é o momento de lutar.

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