“Lei Danilo Gentili”: a piada que quer virar Constituição
- Heitor Aragon

- 13 de out.
- 2 min de leitura

Parece meme, mas é projeto de lei.
Kim Kataguiri — aquele deputado que acha que tá num fórum liberal de 2015 — resolveu homenagear o humorista Danilo Gentili com a chamada “Lei Danilo Gentili”, que quer dar imunidade penal e civil pra quem criticar, mesmo de forma ofensiva, membros dos Três Poderes.Sim, você leu certo: o nome da lei é Danilo Gentili.
A elite política brasileira conseguiu transformar um comediante processado por ofensa em símbolo da “liberdade de expressão”. É quase poético — se a poesia fosse escrita com ressentimento e meme do Choque de Cultura.
Liberdade pra quem, cara pálida?

A tal “Lei Danilo Gentili” se vende como uma cruzada pela liberdade de expressão, mas no fundo é só mais um escudo dourado pra proteger o poder. É o velho truque liberal: vestir o autoritarismo com roupa de liberdade. Kim Kataguiri jura que quer “defender o direito de criticar autoridades”, mas o que ele realmente faz é abrir a porteira pra transformar o ódio político em espetáculo — e a democracia em ringue de ofensas performáticas.
Mas a questão mais profunda aqui não é o palavrão, é o sentido político do discurso. Sob o capitalismo, a “liberdade de expressão” não é um direito universal — é um produto. Ela custa: custa mídia, custa alcance, custa advogado, custa não depender do algoritmo pra ser ouvido. E quem tem esse capital simbólico não é o trabalhador, nem o povo que é calado quando protesta, mas sim as figuras que já falam de cima do palco, protegidas por redes, patrocinadores e assessores.
Por isso, quando uma lei dessas fala em “liberdade”, o que ela realmente está dizendo é: liberdade pra quem já é livre. Pra quem pode xingar ministro e rir da multa depois. Pra quem tem bancada, holofote e sobrenome no Google News. Não é sobre garantir voz ao povo — é sobre garantir impunidade a quem já domina o microfone.
O fetiche da “liberdade liberal”

Toda vez que alguém da direita grita “liberdade de expressão!”, é bom olhar pra quem tá pagando o microfone. Porque, na prática, o que eles chamam de liberdade não é emancipação — é privilégio com legenda bonita. É o velho fetiche liberal: transformar um direito coletivo em marca registrada, vendida no mercado das opiniões.
A “Lei Danilo Gentili” é um retrato perfeito desse fetiche. Ela parte da ideia de que a crítica precisa ser “protegida do Estado”, mas ignora que o Estado já protege quem tem poder econômico e capital midiático. O pequeno trabalhador que xinga político em protesto é enquadrado por desacato; o deputado ou o comediante que ofende autoridade é promovido a mártir da democracia.No fim das contas, a “Lei Danilo Gentili” não tem nada a ver com liberdade de expressão.
Ela é sobre garantir quem pode falar o que quiser sem ser cobrado por isso.
É o deboche de cima pra baixo virando lei — o discurso que bate em quem já apanha, e a “crítica” que só existe enquanto não incomoda o poder.




olha, analisando esse texto, dá para perceber algumas opiniões do autor, mas quando diz que o projeto é uma piada acaba trazendo uma visão bem limitada e acaba esquecendo que para uma nação democrática precisa que a liberdade de expressão deve ser protegida mesmo quando é provocadora desconfortavel ou até ofensiva, a proposta leva um ponto importante que as autoridades acabam explorando o uso de leis sobre injuria e desacato para punir quem critica autoridades, por exemplo: os casos do jornalista Alexandre garcia e do Rafinha bastos. é claro que o uso de palavrões e xingamentos para fazer uma critica acaba n sendo uma boa forma expressar opinião, mas apesar disso boas maneiras não é um requisito para uma opinião,…
Você ta usando IA para as artes? Você está tirando emprego de um artista, trabalhador como você.
Vez enquando tenho vergonha de ser Brasileiro e ter de conviver nesse manicômio Brasil