Aeroflot: ciberataque expõe a fragilidade da soberania digital russa
- Redação
- 4 de ago.
- 2 min de leitura
Um ataque cibernético derrubou os sistemas da Aeroflot em julho de 2025, revelando a fragilidade da soberania digital russa

Com informações da RT Brasil – O colapso dos sistemas da Aeroflot no final de julho de 2025 não foi apenas um episódio de caos nos aeroportos russos, mas um abalo profundo na narrativa de autossuficiência tecnológica que Moscou tenta sustentar há anos. O ataque cibernético, atribuído a grupos hackers pró-Ucrânia, forçou o cancelamento e atraso de dezenas de voos, paralisando inclusive operações das subsidiárias Rossiya e Pobeda, e deixou em evidência vulnerabilidades que não se explicam apenas por ação inimiga: são fruto de anos de dependência de tecnologias estrangeiras e sistemas legados.
As investigações apontam que os invasores permaneceram dentro da rede da Aeroflot por quase um ano sem serem detectados, copiando informações e comprometendo milhares de servidores. A ausência de ferramentas de monitoramento avançado e a persistência de softwares ocidentais, como sistemas baseados em Windows, contrastam com o discurso oficial de soberania digital.
No campo político, o episódio rapidamente ganhou contornos geopolíticos. Deputados russos acusaram abertamente os serviços de inteligência dos Estados Unidos e do Reino Unido de estarem por trás da operação, enquadrando o ataque como mais uma frente da guerra híbrida contra a Rússia. Para o Kremlin, o caso é “alarmante” e um sinal de que o país precisa reforçar suas defesas, mas a reação interna também levanta dúvidas: por que a substituição de tecnologias importadas ainda não foi plenamente implementada, mesmo após anos de sanções e pressão externa?
Grupos responsáveis pelo ataque afirmam ter extraído dados de passageiros e executivos, incluindo informações do próprio diretor-geral da companhia. Embora a autenticidade desses vazamentos ainda não tenha sido verificada, o simples anúncio aumenta a percepção de fragilidade e ameaça danos à imagem da empresa.
Mais do que um incidente isolado, a queda da Aeroflot é um lembrete de que a “soberania tecnológica” defendida pelo governo russo ainda é, em grande parte, um projeto no papel. Enquanto a dependência de infraestrutura e softwares ocidentais não for superada, a promessa de independência digital continuará vulnerável a ataques — e a narrativa de controle total sobre o próprio espaço cibernético seguirá sem decolar.
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