Aeroflot no chão e o voo da soberania que nunca decolou
- Redação
- 28 de jul.
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A estatal russa sofreu um ciberataque que expôs sua dependência tecnológica e colocou milhares de passageiros em risco. O problema não está só na guerra — está na negligência estrutural e na falsa autonomia digital.
A companhia aérea russa Aeroflot sofreu recentemente um ataque cibernético que comprometeu parte de suas operações, impossibilitando a decolagem de alguns voos. O episódio foi rapidamente atribuído ao contexto da guerra, com suspeitas de envolvimento ucraniano. No entanto, o incidente revela falhas estruturais que vão além do campo de batalha digital.
Segundo informações divulgadas pelos próprios autores do ataque, diversos sistemas da Aeroflot continuam dependentes de soluções estrangeiras, como o sistema operacional Windows. Em uma empresa estratégica e estatal, tal dependência expõe a fragilidade da política de substituição de importações, frequentemente anunciada como prioridade pelo governo russo.

A plataforma "1C", por exemplo — desenvolvida internamente e amplamente defendida como solução nacional — não se mostra presente de maneira consolidada. A promessa de que 40% a 50% dos componentes e softwares utilizados em instituições públicas seriam de origem russa parece, mais uma vez, não se confirmar na prática.
O problema se agrava diante do vazamento de dados pessoais de passageiros. A falha de segurança atinge não apenas a imagem da empresa, mas impõe riscos diretos à privacidade de milhares de cidadãos. Em situações assim, a responsabilização não pode se limitar ao agressor externo. É legítimo questionar o papel da Aeroflot — e do Estado russo — na negligência com sua infraestrutura digital e na perpetuação da dependência tecnológica.

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