China acende alerta sobre riscos em chips da Nvidia
- Redação
- 1 de ago.
- 2 min de leitura
A China convocou a Nvidia para explicar suspeitas de falhas de segurança nos chips H20, em meio à disputa tecnológica com os EUA

A China elevou o tom contra a Nvidia e exigiu explicações sobre possíveis riscos de segurança no chip de inteligência artificial H20, recém-liberado para exportação ao mercado chinês após meses de restrições impostas pelos Estados Unidos. O governo de Pequim suspeita que a tecnologia possa conter “backdoors” ou mecanismos de rastreamento e desligamento remoto, em linha com propostas de lei em discussão no Congresso norte-americano que obrigariam chips exportados a incluir funções de monitoramento.
No dia 31 de julho, a Administração do Ciberespaço da China (CAC) convocou representantes da fabricante americana para prestar esclarecimentos. A pressão foi reforçada pelo jornal estatal People’s Daily, que cobrou da empresa “provas concretas de segurança” para reconquistar a confiança do mercado e dos reguladores chineses.
A Nvidia negou qualquer vulnerabilidade oculta em seus produtos e afirmou que a cibersegurança é prioridade. Segundo a companhia, os chips H20 não possuem mecanismos remotos de rastreamento nem de controle externo.
Apesar das tensões políticas, a demanda chinesa pelo H20 continua em alta. A Nvidia encomendou recentemente à TSMC a produção de 300 mil unidades adicionais, somando-se a um fornecimento já estimado entre 600 e 700 mil chips. Para analistas, o movimento de Pequim tem um peso simbólico: sinaliza insatisfação com as pressões dos EUA, mas não deve resultar em uma suspensão real das vendas, dado o nível de dependência da China em relação à tecnologia da empresa.
Ainda assim, especialistas destacam que a aposta chinesa em semicondutores nacionais avança, e cada crise serve como estímulo para acelerar a substituição de fornecedores estrangeiros. Nesse contexto, os chips da Nvidia seguem ao mesmo tempo desejados e desconfiados, no centro da disputa geopolítica que atravessa a corrida global pela inteligência artificial.
Entornou o caldo
Mais do que um debate técnico sobre vulnerabilidades, o embate em torno dos chips H20 expõe a dimensão política da disputa entre China e Estados Unidos. Ao levantar suspeitas contra a Nvidia, Pequim responde às pressões de Washington e reforça sua narrativa de que não pode depender de tecnologias estrangeiras em setores estratégicos. Os semicondutores deixam de ser apenas insumos industriais para se consolidar como instrumentos de soberania nacional e peças centrais no tabuleiro geopolítico da inteligência artificial.
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