China propõe frente global para governança da inteligência artificial
- Redação
- 27 de jul.
- 2 min de leitura
Na abertura da Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC), realizada em Xangai, o primeiro-ministro da China, Li Qiang, lançou uma proposta ousada: a criação de uma frente global de cooperação em inteligência artificial. A ideia central é construir um mecanismo internacional com ampla adesão para definir princípios, regras e práticas que regulem o desenvolvimento da IA de forma mais justa, inclusiva e segura.
Segundo Li, a governança da IA atualmente é fragmentada, dominada por poucos países e grandes corporações, o que amplia desigualdades e concentra poder tecnológico. A proposta chinesa busca justamente romper esse desequilíbrio e fundar um organismo internacional com sede em Xangai, onde governos, universidades, empresas e entidades multilaterais possam atuar juntos na formulação de políticas públicas globais para a área.
Durante o evento, foi apresentado um Plano de Ação com 13 diretrizes, incluindo: promoção do código aberto, cooperação em pesquisa, proteção de dados sensíveis, criação de infraestrutura comum e inclusão do Sul Global nas decisões estratégicas. A China se comprometeu, ainda, a instalar centros de inovação conjunta, financiar formação de profissionais em países em desenvolvimento e incentivar intercâmbios tecnológicos.
A proposta tem um forte componente político e geoestratégico. Em meio às tensões com os Estados Unidos, que têm imposto sanções e restrições à indústria chinesa de semicondutores e IA, o país asiático reforça sua aposta no multilateralismo como alternativa à hegemonia tecnológica ocidental. Ao defender a IA como um bem público global, a China tenta atrair aliados no Sul Global — inclusive o Brasil — e consolidar sua posição como liderança responsável na era digital.
Durante a conferência, mais de 800 empresas — incluindo gigantes como Alibaba, Huawei e Baidu — apresentaram cerca de 3 mil novas soluções baseadas em IA, demonstrando que o país, mesmo diante de sanções, segue firme em sua estratégia de inovação soberana. Modelos de linguagem desenvolvidos localmente, muitos baseados em código aberto, foram destacados como símbolos da capacidade chinesa de competir com sistemas ocidentais de ponta.
Ao final, o recado foi claro: a China quer compartilhar a mesa onde se decide o futuro da inteligência artificial — e quer que todos, especialmente os países historicamente excluídos das revoluções tecnológicas, tenham cadeira garantida.
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