Procuradoria de SP denuncia ex-assessor de Moraes e juiz por suspeita de fraudes em heranças

A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo apresentou denúncia contra o perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, e contra o juiz Peter Eckschmiedt, do Tribunal de Justiça de São Paulo. Ambos são acusados de integrar uma organização criminosa voltada ao desvio de recursos provenientes de heranças e bens de pessoas idosas consideradas incapazes. Ao todo, 15 pessoas foram denunciadas.

Segundo a investigação, o esquema operava a partir da 2ª Vara Cível de Itapevi, na Grande São Paulo. O juiz determinava bloqueios de bens com base em títulos de cobrança falsificados, transferindo valores para integrantes do grupo. A defesa nega as acusações.

A denúncia, assinada pelo procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, e pelo procurador Sérgio Turra Sobrane, foi protocolada em agosto e tramita sob sigilo. O caso veio à tona após a descoberta, em operação realizada em 2024, de R$ 1,7 milhão em espécie escondidos no sótão da casa de Eckschmiedt.

Tagliaferro, descrito pelo Ministério Público como “amigo íntimo” do juiz e especialista em informática, teria orientado o magistrado e outro servidor a apagar mensagens de celular que poderiam comprometer a organização criminosa. Parte do material, no entanto, acabou sendo encaminhada à Corregedoria do Judiciário, fortalecendo as provas contra os envolvidos.

A situação ganha relevância política porque o ex-assessor, que também chefiou a área de enfrentamento à desinformação no TSE durante a gestão de Moraes, acusou recentemente o ministro de manipular documentos para justificar operações contra empresários bolsonaristas em 2022. Ele se mudou para a Itália após virar alvo de investigações da Polícia Federal e foi indiciado neste ano por suposta violação de sigilo funcional.

Em nota, a defesa do juiz Eckschmiedt afirmou que ele “nega veementemente os fatos” e que todas as explicações serão apresentadas no processo. O advogado de Tagliaferro não foi localizado. Moraes, por sua vez, declarou que todas as ações conduzidas por ele no TSE e no STF seguiram a legalidade e foram comunicadas à Procuradoria-Geral da República.