Roblox bane usuário que denunciava predadores sexuais
- Redação
- 18 de ago.
- 2 min de leitura
O banimento do criador de conteúdo Schlep reacendeu o debate sobre segurança infantil em jogos online e até onde vai a responsabilidade das plataformas digitais

O banimento do criador de conteúdo conhecido como Schlep abriu um debate delicado sobre a responsabilidade das plataformas digitais na proteção de crianças e o papel de usuários que se colocam como “vigilantes virtuais”.
Schlep afirma que suas ações ajudaram na prisão de seis supostos predadores. Ele também revelou ter sido vítima de grooming na infância, prática em que adultos se aproximam de crianças por meio de confiança e presentes virtuais com a intenção de explorá-las sexualmente. Esse histórico, segundo ele, teria sido a motivação para agir.
A resposta da Roblox, no entanto, foi dura: a empresa baniu sua conta, alegando que investigações conduzidas por usuários podem atrapalhar autoridades, expor vítimas e até comprometer investigações em andamento. “Mesmo vigilantes bem-intencionados podem colocar usuários em risco”, afirmou Matt Kaufman, executivo de segurança da companhia, recomendando que denúncias sejam feitas apenas pelos canais oficiais da plataforma.
O caso rapidamente ganhou repercussão. Hashtags como #FreeSchlep e #BoycottRoblox se espalharam pelas redes sociais, com apoio de grandes influenciadores como KreekCraft, MoistCr1TiKal e JiDion. Para KreekCraft, o problema não está nos criadores, mas na própria empresa: “Eles não têm más intenções, estão fazendo isso porque o Roblox está falhando em fazer seu trabalho”.
A polêmica chegou ao campo jurídico quando a Procuradora-Geral da Louisiana, Elizabeth Murril, processou a Roblox por supostamente não proteger adequadamente crianças dentro da plataforma. O processo reacendeu o debate sobre segurança em jogos online e até onde vai a responsabilidade das big techs nesse cenário.
Quem chama atenção para a gravidade do caso é o professor e desenvolvedor Igor Giamoniano, especialista em tecnologia aplicada a negócios digitais. Criador de uma comunidade que traduz temas complexos de tecnologia para milhares de pessoas, ele destaca que a controvérsia expõe uma falha estrutural: “Quando usuários sentem que precisam agir por conta própria, é sinal de que as ferramentas oficiais de denúncia não estão funcionando como deveriam”.
Assim, o episódio deixa de ser apenas uma disputa entre um jogador e a plataforma, transformando-se em um debate global sobre quem deve proteger as crianças na internet e até onde as empresas podem terceirizar essa responsabilidade.
Quem é Schlep
Michael “Schlep” nasceu em 2003, no Texas, e cresceu como jogador assíduo de Roblox. Sua trajetória digital foi marcada por um episódio traumático: entre os 12 e 15 anos, afirma ter sido vítima de grooming por um desenvolvedor do próprio jogo. A experiência resultou em tentativas de suicídio e o impulsionou a atuar como caçador de predadores virtuais.
No YouTube, ganhou notoriedade ao publicar vídeos de suas operações dentro do Roblox, nas quais se passava por menores de idade para atrair e expor suspeitos. Essas ações, segundo ele, levaram à prisão de seis pessoas acusadas de crimes sexuais contra crianças.
Com mais de 200 mil inscritos e audiência crescente, Schlep se tornou um símbolo de resistência para parte da comunidade, que o vê como herói em um espaço virtual considerado vulnerável para menores. Para a Roblox, entretanto, sua atuação configurou risco e violação das regras de uso, o que culminou no banimento que hoje gera polêmica mundial.
