Semelhanças entre Fux e o Vizinho-pastor

Por Luís Delcides - Advogado e jornalista

Gente autoritária sempre me incomodou. Dá pavor em ver gente auto-afirmativa: é o sujeito que fala, faz, acontece e não pede ajuda; principalmente aqueles usuários da bíblia para estabelecer autoridade até perante a vizinhança.

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Lembro do meu vizinho-pastor, quando chegou no bairro e já chegou intimando, dizendo que eu preciso respeitar a autoridade – ele, no caso. No ato da fala eu dei uma risada bem gostosa e retruquei: “seu nome é Rildo?” Ele imediatamente responde: “sim”. E emendei: “Aqui você não é autoridade, é mais um, é meu vizinho!”.

O vizinho-pastor ficou um tempão sem falar, cara virada, emburrado. Depois começou a me cumprimentar, brincar, querer saber o nome do cachorro. Interessante, quase 20 anos depois, vejo o Ministro Luiz Fux repetir o mesmo procedimento do morador adjacente.

Fux ficou incomodado no momento da leitura das preliminares feita pelo seu colega Ministro Alexandre de Moraes. Ainda emendou: “Amanhã eu não quero ser interrompido durante meu voto!”.

Após o clima de leveza da terça com os ministros Alexandre e Flávio Dino. O dia seguinte foi tenso, aquele olhar baixo, a falsa cabeleireira cobrindo o seu azucrim, começa a leitura totalmente atabalhoada, citando umas referências do universo jurídico que atualmente são nomes de salas, auditórios e avenidas.

Fux, também gastou umas comparações com o direito alienígena – gostaram do nome? Sim, uma referência a prática internacional (no caso, o direito americano). Aliás, tudo a ver fazer essa menção aos alienígenas – que coisa esquisita é o Direito Americano pelo pouco que conheço.

Uma seção de doze horas. Em vez de discussões, troca de ideias, a prevalência da dialética; um show de arrogância, monólogo e exibicionismo. O tal ministro proferiu até a “humildade jurídica”. Logo, seguiu em disparado com a sua verborragia jurídica até as 21h30.

Logo, é preciso delimitar algumas semelhanças entre o vizinho-pastor e o Fux: ambos são autoritários e exibicionistas. O primeiro adora desfilar com a sua SUV e paga de humilde com roupa de guerra para levantar seu futuro mega templo na avenida Sapopemba.

Fux, com aquele jeito soberbo, com seu timbre pastoso, profere durante 12 horas um voto de um garantista seletivo, com intenção política totalmente articulada e uma lógica autoritária. Citou juristas estrangeiros, inclusive, de acordo com o jornal Nota e o Congresso Em Foco, Karl Engisch, membro do Partido Nazista Alemão.

Algo em comum entre ambos os perfis – tanto de Fux e o Vizinho-pastor: são autoritários, esnobes, conservadores e gostam de proteger as suas crias. O primeiro orientou dissertação de mestrado e tese de doutorado do filho e agora fez os arranjos para que a filha fosse Desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Já o segundo protegeu e enterrou a ascensão acadêmico-profissional de uma de suas filhas. Atualmente, as duas filhas são casadas com homens mornos, submissos, calados e sem nenhuma pró atividade. Trabalham, mas apenas cumprem a função designada pelo sogro.

Os dois perfis revelam um autoritarismo e conservadorismo rasteiro. Calados, silenciosos e centralizadores, ambos são estranhos no ninho. Sim, diferente da simpatia, da cordialidade, leveza. Sim, é gente muito pesada, ardilosa, sem um pingo de empatia pelo outro. O fascismo cansa!