Soberania tecnológica: Brasil desenvolve motor nacional para foguete
- Redação
- 1 de ago.
- 2 min de leitura
Projeto nacional de microlançador impulsiona indústria aeroespacial e rompe dependência de tecnologias estrangeiras

Com informações de: 🎥 Vigás - YouTube, Defesa Aérea e Naval e Brazilian Space.
Uma das inovações mais significativas da engenharia aeroespacial brasileira acaba de ser revelada: o desenvolvimento de um motor de propelente líquido totalmente nacional, projetado para compor o estágio final do microlançador de satélites MLBR. A novidade marca um 10ponto de inflexão na trajetória tecnológica do país e reforça o compromisso com a construção de uma base autônoma para o acesso ao espaço.
O motor, chamado Arium, está sendo desenvolvido pela Bizu Space em parceria com outras empresas do consórcio que executa o projeto MLBR. Ele será impulsionado por uma combinação de peróxido de hidrogênio concentrado e querosene de aviação — uma solução técnica robusta, eficiente e compatível com o perfil orbital de precisão exigido para lançamentos comerciais de cubesats. Além do próprio motor, a empresa também projeta um centro independente de testes e desenvolve, em solo nacional, os combustíveis necessários.
A adoção de propelente líquido para o terceiro estágio do foguete representa mais do que um avanço técnico. Ela permite que o Brasil entre em uma nova liga na indústria espacial, com maior controle sobre a trajetória final de inserção em órbita, capacidade de manobra e ampliação da carga útil. É o tipo de salto que muda o patamar de um projeto — e com ele, o papel geopolítico do país.
Esse progresso é fruto direto da decisão política de investir em capacidades autônomas para o setor espacial. Desde o lançamento do projeto MLBR, o ecossistema em torno do programa cresceu rapidamente. Empresas como Senic Engenharia já testam motores estruturados com materiais avançados como fibra de carbono, enquanto universidades e startups trabalham em subsistemas de guiagem, telemetria e simulação de voo. Com recursos relativamente modestos, o programa conseguiu alcançar maturidade técnica em tempo recorde.
A nova geração de engenheiros, associada a núcleos experientes da indústria e das Forças Armadas, constrói um conhecimento que vai além do foguete. As tecnologias dominadas nesse processo têm aplicação direta na aviação civil e militar, sobretudo na área de propulsão, materiais e controle térmico. A possibilidade de um futuro motor aeronáutico genuinamente brasileiro deixou de ser utopia e passou a ser horizonte técnico.
A construção de soberania tecnológica passa por marcos como este. Ao controlar o ciclo completo de produção, do combustível ao bocal do motor, o Brasil reduz sua exposição a sanções, embargos e instabilidades externas. Em um mundo cada vez mais marcado por disputas informacionais, restrições comerciais e guerras híbridas, ser capaz de lançar e controlar seus próprios vetores é mais do que um feito científico — é uma questão de sobrevivência estratégica.
Esse é o novo lugar do Brasil no espaço. E ele está sendo construído com inteligência, parceria e decisão política.
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