Tornozeleira eletrônica de seu Jair
- Redação
- 19 de jul.
- 3 min de leitura

Musica satírica de Ricardo Nêggo Tom viraliza ao narrar prisão fictícia com humor ácido
Da Redação
Ó seu Jair, o que é isso aí no seu calcanhar?” — se você ainda não ouviu essa pergunta chiclete nas redes sociais, prepare-se: ela tem tudo para se tornar o bordão do momento. A nova música do artista Ricardo Nêggo Tom, publicada no canal “Músicas para ouvir na cadeia”, mistura pagode, ironia e crítica política em uma narrativa irresistivelmente absurda sobre um certo “seu Jair” que acorda com a Polícia Federal na porta e termina a manhã com uma tornozeleira eletrônica no pé.
Inspirada livremente em figuras do noticiário recente — mas sem citar nomes de forma direta — a música se apropria do formato narrativo clássico das crônicas de malandragem e adiciona um toque de contemporaneidade monitorada via GPS. E o resultado? Uma obra que é ao mesmo tempo, meme, crítica social e trilha sonora perfeita para qualquer “cana domiciliar”.
Publicado no YouTube (assista aqui), o videoclipe já vem sendo compartilhado em grupos de WhatsApp, stories, e claro, nos bastidores da política. Não faltam trechos memoráveis. Logo no início, o narrador avisa:
“Não fica perto dele não, que esse veículo agora é rastreado.”

A partir daí, somos levados a uma comédia musical em tempo real:
Seu Jair acorda com a PF na porta, tenta esconder um pen drive no banheiro, pega um saco de dinheiro, chama dona Michele (também de pijama) e ainda tenta responder sem escovar os dentes. Mas não há tempo para higiene bucal quando a justiça bate com pressa.
“Ó seu Jair, o que é isso aí no seu calcanhar?”
É a pergunta que ecoa como refrão e acusação. E nem a vizinhança perdoa: uma moradora aparece para “fuxicar” e sai perguntando o que todo o Brasil já quer saber.
Crônica sonora da derrocada
Ao transformar a figura do homem poderoso em um personagem desorientado, caricato e acuado, Nêggo Tom acerta em cheio no tipo de humor que mistura realidade, exagero e riso nervoso. Na letra, “seu Jair” promete vingança geopolítica:
“Vocês vão se arrepender. Eu vou contar tudo pro Trump!”
Na delegacia, o choque de realidade se instala: o grampo está firme no tornozelo, a liberdade agora tem hora pra acabar, e a “prisão” é domiciliar — com direito a vigilância eletrônica e zero visita à padaria.
O artista por trás da algema cômica

Ricardo Nêggo Tom não é novo no jogo. Conhecido por suas sátiras que misturam crítica política e bom humor, o artista vem construindo um repertório musical que conversa com o momento político brasileiro — especialmente o pós-Bolsonaro. Suas composições já tocaram em temas como corrupção, hipocrisia, negacionismo e impunidade. Mas desta vez, com “Tornozeleira Eletrônica”, ele parece ter encontrado o tom perfeito entre denúncia e deboche.
A música lembra os sambas de breque de Moreira da Silva, os causos de Bezerra da Silva e até a ironia refinada de Marcelo Adnet. Tudo isso embalado por uma batida leve, que poderia muito bem tocar numa festa de bairro — não fosse o tema, digamos, judicial.
Entre a cadeia e a gargalhada

A graça de “Tornozeleira Eletrônica” está justamente no contraste: o cotidiano da elite política brasileira tratado como se fosse cena de novela das oito, só que com trilha de pagode e letra afiada. A música ri onde outros choram, e chora onde muitos ainda fingem rir. No fim, o próprio Jair (ou Jairo?) é transformado num personagem tragicômico, desses que protagonizam memes, manchetes e — quem sabe? — futuras produções da Netflix.
Se a tornozeleira é símbolo de punição, vigilância e queda, Nêggo Tom a transforma em instrumento musical, batendo no compasso da Justiça com humor e irreverência. E nos resta apenas cantar junto:

“Ó seu Jair, o que é isso aí no seu calcanhar?”
Ouça - Tornozeleira Eletrônica – Ricardo Nêggo Tom
Maravilhoso 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻