Trump impõe tarifa de 50% ao Brasil, mas poupa setores estratégicos
- Atitude Popular
- 30 de jul.
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Medida afeta exportações brasileiras aos EUA, mas aviões, suco e insumos energéticos escapam da sobretaxa; café, carne e manufaturados estão entre os prejudicados
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que estabelece uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando a taxação total para 50%. A medida entra em vigor dentro de sete dias e atinge uma ampla gama de exportações do Brasil. Apesar da rigidez da decisão, cerca de 700 produtos foram isentados, incluindo aeronaves, suco de frutas, derivados de petróleo, minérios estratégicos e produtos de aviação civil.
A reação do mercado foi imediata: ações da Embraer subiram 10% e o dólar, que vinha em forte alta, recuou após a divulgação das exceções.
Setores mais afetados pela tarifa
Ficarão sujeitos ao novo imposto de importação de 50% todos os demais produtos que não estão entre os isentos. Isso inclui:
Café não torrado
Produtos agrícolas e alimentícios não mencionados entre os isentos
Carnes (exceto cortes e subcategorias específicas)
Produtos manufaturados em geral
Minérios e insumos industriais não listados nas exceções
Têxteis, calçados e bens de consumo
Equipamentos industriais e veículos que não estejam explicitamente isentos
Embora os produtos atingidos representem a menor parte do volume total das exportações brasileiras aos EUA, eles têm peso estratégico para economias regionais, especialmente em estados do Sul e do Nordeste, onde itens como café, têxteis e carnes específicas desempenham papel central na geração de renda e empregos.
A tarifa incide sobre produtos embarcados para os EUA a partir da entrada em vigor do decreto e pode ser retroativa em alguns casos. Produtos em trânsito ou desembarcados antes do prazo poderão permanecer isentos, dependendo da situação.
Decreto tem motivações políticas e ataca diretamente Moraes
Mais do que uma questão comercial, o decreto tem forte conteúdo político. O texto acusa o governo brasileiro de interferir na economia dos EUA, cercear liberdades e ameaçar empresas americanas. Cita nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, do STF, como figura central em ações consideradas persecutórias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo a Casa Branca, o Brasil só poderá escapar de punições mais severas caso se alinhe aos interesses dos EUA em temas como segurança e política externa.
Protecionismo seletivo
Apesar do discurso duro, setores estratégicos para a economia americana foram poupados. O ferro-gusa, fundamental para siderúrgicas dos EUA, foi excluído da lista de sobretaxação. O produto é exportado majoritariamente de Minas Gerais e do Pará, e sua taxação poderia elevar os custos da indústria nacional. Executivos da Steel Dynamics, uma das maiores siderúrgicas dos EUA, já haviam sinalizado preocupação antes mesmo da assinatura do decreto.
Guerra comercial ou chantagem diplomática?
A medida é vista por analistas como parte de uma estratégia mais ampla de Trump para usar o comércio como instrumento de pressão geopolítica. Ao atrelar tarifas à retórica bolsonarista e atacar instituições brasileiras, o governo americano tensiona ainda mais a relação com o Brasil de Lula — que tenta manter uma diplomacia independente e multipolar.
Enfim, é uma guerra muito difícil de vencermos. Mal comparando, vale lembrar que também não era fácil para os veitcongs. Há que se explorar as contradições e conflitos internos no território do inimigo. Porém, com criatividade e disposição para resistir, nada é impossível.
A sociedade pode ajudar. Se não temos alternativas no curto prazo para substituir nossas redes sociais, podemos ao menos boicotar as operadoras de cartões bancários deles. As mudanças trazidas pelo PIX eles terão de engolir. E outros boicotes a setores sensíveis podem ser considerados. A nossa elite neocolonial detesta o anti-americanismo e não vai alimentar essa forma de resistência. Nem os partidos do governo, reféns do teatro da “negociação profissional e diplomática”. bananasnews.noblogs.org