Brasil sob mira
- Rey Aragon
- 16 de jul.
- 23 min de leitura

O Risco de um apagão estratégico e a guerra pela soberania total
Estamos prestes a sofrer um apagão militar, tecnológico e institucional — orquestrado por quem controla nossos sistemas de defesa, comunicação e vigilância. Raytheon, Elbit, Palantir, OTAN, Trump. As ameaças já começaram. A sabotagem já está em curso. O país que não controla seus próprios radares, satélites, softwares e dados será transformado em colônia armada — ou campo de guerra.
O Eixo EUA–Israel e o Cerco à Soberania Brasileira.

O Brasil está sendo sufocado por um cerco silencioso, mas brutal, que vai muito além da guerra comercial anunciada por Trump ou das sanções secundárias ameaçadas pela OTAN. Trata-se de um cerco estratégico multidimensional conduzido por dois centros de poder profundamente entrelaçados: os Estados Unidos e o Estado de Israel. Juntos, eles formam o eixo operativo da nova ofensiva global contra os países do Sul que ousaram construir soberania, articular integração regional ou enfrentar os interesses do capitalismo informacional-militar.
A crise diplomática desencadeada pelas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o genocídio do povo palestino operou como catalisador de um movimento coordenado de retaliação. O lobby sionista global, apoiado por setores ultraconservadores brasileiros e articulado com think tanks de extrema-direita nos EUA e Europa, intensificou a pressão sobre instituições, contratos e sistemas sensíveis do Estado brasileiro. Esse processo não é novo. O que é novo é o grau de vulnerabilidade do Brasil frente a ele — resultado direto de décadas de dependência tecnológica, sabujismo doutrinário e entrega institucional promovida por setores das Forças Armadas, polícias e elites políticas.
Desde a redemocratização, o Brasil transformou-se em um dos maiores consumidores mundiais de tecnologias israelenses e estadunidenses voltadas à vigilância, controle social e policiamento ostensivo. Isso inclui desde softwares de interceptação e mapeamento facial — como os fornecidos por empresas como Cellebrite, Cognyte, Elbit Systems e Palantir — até radares, mísseis, aviões não-tripulados e sistemas de guerra eletrônica providos por gigantes como Raytheon, Lockheed Martin e Rafael Advanced Defense. O Brasil é, hoje, um cliente vulnerável de um sistema de defesa que não controla e que, diante de um conflito com seus fornecedores, pode ser deliberadamente interrompido, sabotado ou usado contra a própria população.
O núcleo bolsonarista das forças de segurança — militares, polícias e grupos paramilitares — constitui o braço ideológico interno desse eixo de submissão. São os mesmos que veneram Israel como modelo civilizacional, almejam uma teocracia armada de cunho cristão-fascista, e defendem um alinhamento automático com os EUA em todas as esferas: militar, econômica, digital e cultural. Os símbolos estão por toda parte: bandeiras de Israel nos acampamentos golpistas, treinamento de policiais militares em centros de contraterrorismo israelenses, agentes da ABIN e das PMs em cursos oferecidos por empresas privadas com laços diretos com o exército de Israel.
Enquanto isso, o governo Lula tenta — entre contradições internas e resistências institucionais — traçar uma linha soberana na diplomacia, especialmente ao denunciar o genocídio em Gaza e apoiar a entrada da Palestina na ONU. Mas essa linha está sob ataque cerrado. O Brasil se tornou, simultaneamente, uma pedra no sapato das potências ocidentais e um laboratório experimental das novas técnicas de desestabilização: tarifação seletiva, espionagem, lawfare, controle logístico via software, e guerra cultural digital de longo prazo.
O que está em jogo não é apenas a posição internacional do Brasil — é a possibilidade de existir como país autônomo. O cerco não se expressa com tanques nas fronteiras, mas com contratos assinados, atualizações de firmware, sanções moduladas e dependência programada. Um país que não controla seus próprios sistemas de defesa, comunicação e inteligência é um país que pode ser desligado. Um país que treina suas forças de segurança com seus algozes é um país em guerra com seu próprio povo.
O eixo EUA-Israel já não esconde sua operação sobre o Brasil. Ele age como estrutura — econômica, ideológica, tecnológica e simbólica. Enquanto isso, parte do sistema político e das elites locais age como cavalo de troia, sustentando o discurso de que o país “precisa se modernizar” adotando “tecnologias de ponta”, mesmo que isso signifique abandonar a capacidade soberana de defesa. Em nome da segurança, a segurança é destruída. Em nome da liberdade, a soberania é anulada. Em nome da “cooperação”, o Brasil é vendido em partes.
O cerco está em curso. E se não for enfrentado agora, poderá se fechar por completo antes que o país perceba que já está no campo de batalha — só que do lado errado da mira.
Lawfare, Lava Jato e a Destruição da Capacidade Estratégica Nacional.

Poucos episódios recentes da história brasileira condensam com tanta clareza o cruzamento entre sabotagem econômica, desmonte institucional e ataque à soberania quanto a Operação Lava Jato. Disfarçada de cruzada anticorrupção e vendida como símbolo de regeneração moral da política, ela foi, na verdade, uma das ferramentas mais eficazes da guerra híbrida conduzida contra o Brasil. E não se tratou apenas de desestabilização do sistema político — seu alvo era também o coração estratégico do país: sua capacidade de construir autonomia tecnológica, industrial e militar.
No centro dessa operação de terra arrasada esteve a Odebrecht Defense, braço de tecnologia militar da maior empresa de engenharia pesada da América Latina. Fundada com base na expertise da Mectron — empresa nacional de altíssimo nível tecnológico em guiagem de mísseis e sistemas eletrônicos militares — a Odebrecht Defense havia se transformado, entre 2011 e 2015, em um dos polos mais promissores do Sul Global na produção autônoma de armamentos de alta complexidade. Seu portfólio incluía o míssil ar-ar de quinta geração A-Darter, desenvolvido em parceria com a África do Sul; o míssil antirradiação MAR-1, projetado para inutilizar radares inimigos; e o sistema ASTROS 2020, uma das plataformas mais avançadas de artilharia de saturação do mundo, utilizada pelo Exército Brasileiro e considerada um dos pilares da dissuasão nacional. Esses projetos não eram apenas armamentos — eram instrumentos de soberania. Eram frutos de parcerias Sul-Sul, engenharia nacional, universidades públicas e instituições de pesquisa integradas à estratégia de defesa do país.
É precisamente por isso que a Odebrecht Defense se tornou um alvo. A Lava Jato, articulada com setores do Judiciário, da mídia e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, destruiu em tempo recorde a base industrial e tecnológica que sustentava a possibilidade de um Brasil soberano na área de defesa. Sob o pretexto de combater a corrupção, a operação criminalizou contratos estratégicos, interrompeu projetos de décadas, desmobilizou centros de pesquisa e paralisou a cadeia produtiva de defesa. Sem direito à reconstrução, sem proteção institucional, a Odebrecht Defense foi vendida — praticamente liquidada — à israelense Elbit Systems, uma das maiores fornecedoras globais de tecnologia de repressão, vigilância, armamentos letais e sistemas cibernéticos para regimes autoritários e forças de ocupação.
A aquisição da Odebrecht Defense pela Elbit não foi apenas uma compra comercial. Foi a apropriação de memória técnica, de conhecimento acumulado, de processos produtivos e de parcerias estratégicas construídas ao longo de décadas. Israel, por meio da Elbit, incorporou aos seus ativos a capacidade brasileira de produzir mísseis, sistemas de defesa aérea, dispositivos de comando e controle e soluções autônomas que o Brasil vinha desenvolvendo como parte de uma estratégia de independência. Esse episódio se soma ao escândalo do projeto SIVAM, em que a Raytheon — gigante estadunidense da indústria bélica — venceu uma licitação bilionária de forma fraudulenta, com apoio da CIA, espionagem diplomática e suborno de autoridades brasileiras para controlar os sistemas de vigilância da Amazônia. Desde então, o padrão se repete: soberania tecnológica brasileira sendo desmontada, bloqueada ou comprada a preço vil por potências estrangeiras com interesses geopolíticos claros.
A Lava Jato destruiu, com amplo apoio da elite e da mídia, a espinha dorsal da indústria de defesa nacional. E mais do que isso: destruiu a confiança do Estado em sua própria capacidade de projetar poder. Após a queda da Odebrecht, universidades foram desfinanciadas, o DCTA perdeu capacidade operacional, a Avibras entrou em crise, e boa parte da engenharia militar passou a operar com baixa capacidade de inovação, confinada à lógica da terceirização e da dependência externa. Sistemas críticos de defesa, vigilância e comunicação — incluindo radares, aviônicos, algoritmos de comando e sensores ópticos — passaram a ser importados dos Estados Unidos, de Israel e de consórcios europeus alinhados à OTAN. O Brasil, que antes projetava independência e se tornava referência no Sul Global, virou cliente subordinado e fragilizado.
Hoje, não há segurança nacional sem risco. O Brasil opera sistemas que não controla. O código-fonte dos softwares de defesa está sob sigilo de empresas estrangeiras. As atualizações dependem de acordos políticos. A manutenção técnica de equipamentos críticos é realizada fora do país. A cadeia logística é vulnerável a qualquer sanção, interrupção ou sabotagem. Em uma eventual ruptura diplomática com EUA ou Israel — cenário cada vez mais plausível diante da posição do Brasil na questão Palestina e na articulação do BRICS — o país pode sofrer um apagão tecnológico total em setores como defesa aérea, vigilância de fronteiras, telecomunicações estratégicas e proteção cibernética.
A Lava Jato foi mais do que uma operação judicial. Foi uma ação coordenada de desestruturação da soberania nacional. Uma ofensiva de guerra híbrida operada pelo judiciário, mídia, agências internacionais e think tanks do capital estrangeiro. Sua vítima foi o futuro do país. E sua consequência direta foi a entrega de setores estratégicos às mesmas potências que hoje ameaçam sanções, tarifas e isolamento. O Brasil perdeu a capacidade de se defender porque permitiu que seus instrumentos de defesa fossem desmantelados por dentro. E o pior: com aplausos.
Tecnologias Críticas em Mãos Inimigas — Um Mapa da Dependência Letal.

O Brasil é hoje um país estrategicamente amordaçado. Embora possua território continental, biodiversidade incomparável, reservas minerais vitais e uma das maiores populações conectadas do planeta, sua infraestrutura de defesa, vigilância e comunicação opera sob controle parcial — e, em muitos casos, integral — de empresas estrangeiras alinhadas aos interesses estratégicos dos Estados Unidos, de Israel e do eixo atlântico da OTAN. O país foi induzido a abrir mão de sua autonomia tecnológica em nome de uma modernização “de prateleira”, baseada em soluções importadas, pacotes fechados e contratos blindados que entregam à iniciativa privada transnacional a chave dos sistemas sensíveis do Estado brasileiro.
As áreas mais críticas dessa dependência são, ironicamente, as que deveriam sustentar a soberania. Comecemos pela vigilância e monitoramento territorial. O projeto SIVAM, transformado no atual CENSIPAM, deveria ter sido o núcleo de um sistema soberano de controle da Amazônia. No entanto, desde sua gênese, foi capturado pela Raytheon, que, com apoio da CIA, venceu a licitação por meio de espionagem e tráfico de influência, como demonstrado em investigações e reportagens históricas. O resultado é que boa parte da vigilância eletrônica da Amazônia, uma das regiões mais cobiçadas do planeta, opera com infraestrutura dependente de software, hardware e protocolos estrangeiros. A empresa norte-americana, além de fornecer os radares e sensores, detém acesso privilegiado aos sistemas de operação e, segundo denúncias documentadas, chegou a compartilhar dados gerados com órgãos de inteligência dos EUA — sem qualquer controle soberano do Estado brasileiro.
No campo da defesa aérea e da guerra eletrônica, o cenário é ainda mais preocupante. O Brasil importa da Raytheon, da Elbit Systems e de consórcios europeus da OTAN os principais sistemas de radar, sensores passivos, sistemas de guiagem, pods de interferência e plataformas de controle eletrônico embarcado em aeronaves, embarcações e unidades terrestres. Muitos desses sistemas operam sob licença estrangeira, com componentes criptografados inacessíveis ao controle nacional. Qualquer ruptura contratual ou instabilidade política pode levar à suspensão de atualizações críticas, à paralisação de sistemas de vigilância ou à simples desativação remota de capacidades estratégicas.
As Forças Armadas brasileiras operam caças com aviônicos, rádios, sistemas de missão e softwares de navegação que dependem de códigos-fonte não auditáveis. O Exército utiliza blindados equipados com sensores e sistemas de comando importados. A Marinha, por sua vez, conta com componentes israelenses e estadunidenses em radares navais e torpedos guiados. Os sistemas de comunicação militar — incluindo satélites de dupla utilização, redes de fibra óptica protegidas e plataformas de interoperabilidade entre forças — são, em grande parte, adquiridos no exterior ou operados em parceria com empresas que não respondem a interesses brasileiros, mas a acionistas e governos estrangeiros.
No âmbito da segurança pública e inteligência interna, o quadro é ainda mais dramático. As polícias militares, as polícias civis, a Polícia Federal e a ABIN utilizam sistemas de vigilância facial, escutas, interceptação de comunicações e análise de dados adquiridos de empresas como Cellebrite, Palantir, NSO Group e outras desenvolvedoras israelenses e norte-americanas envolvidas em escândalos globais de espionagem, repressão e sabotagem política. As bases de dados do Estado brasileiro — que incluem biometria, padrões de voz, movimentação bancária, registros de mobilidade e dados da Receita Federal — estão parcialmente integradas a plataformas privadas, e há indícios de que esses dados circulam por servidores fora do país, tornando o Brasil vulnerável a vazamentos, chantagens e manipulações.
Em termos cibernéticos, o Brasil se encontra em posição de extrema fragilidade. Não possui infraestrutura de firewall nacional soberano. Os protocolos de segurança de larga escala dependem de empresas como Microsoft, Oracle, Amazon AWS e Google Cloud, cujos centros de dados e políticas de privacidade obedecem às leis e interesses do Departamento de Estado dos EUA. A ausência de um polo nacional de ciberdefesa soberana torna o país um alvo fácil para sabotagens estratégicas, sejam por meio de vírus introduzidos em atualizações de firmware, bloqueios logísticos em momentos de crise ou operações de desinformação massiva coordenadas por agências terceirizadas de inteligência contratadas no exterior.
A dependência tecnológica brasileira não é uma abstração — ela é o elo central da cadeia de dominação. Cada radar operado por empresa estrangeira é uma janela aberta à vigilância inimiga. Cada contrato assinado sem cláusulas de nacionalização tecnológica é um laço em torno da soberania. Cada sistema de vigilância urbana gerido por corporações alinhadas a regimes coloniais é uma ameaça ao povo. A soberania hoje não é apenas sobre o que se vê ou o que se toca — é sobre o que se processa em segundo plano, o que se grava em tempo real, o que se atualiza automaticamente por servidores invisíveis.
Em um cenário de tensão crescente — como o que vivemos neste julho de 2025 — qualquer instabilidade geopolítica pode ser usada como gatilho para a desestabilização digital, tática e institucional do Brasil. Basta uma suspensão de suporte técnico, um bloqueio de chips, um corte de acesso a atualizações de firmware ou uma interferência silenciosa em um satélite em órbita para mergulharmos em um apagão de defesa e inteligência. Um país que entrega suas tecnologias críticas a agentes que o hostilizam já não é mais soberano — é refém.
Doutrinas Caducas e Generais Sabujos — o Colapso Doutrinário das FFAA.

A crise das Forças Armadas brasileiras não é apenas uma crise de comando, de reputação ou de alinhamento político — é, antes de tudo, uma crise doutrinária profunda. O Brasil, enquanto potência continental, biodiversa, multicultural e em posição geoestratégica crucial no século XXI, deveria possuir uma doutrina de defesa sofisticada, ancorada em sua realidade histórica, territorial e civilizacional. Mas o que temos é o oposto: um arcabouço doutrinário fragmentado, ultrapassado, colonizado e, muitas vezes, ridiculamente submisso aos manuais de guerra produzidos em Washington, Tel Aviv e Bruxelas.
Durante as décadas de Guerra Fria, as Forças Armadas brasileiras foram moldadas por uma matriz anticomunista que transformou o Exército em instrumento repressivo interno, operando mais contra o próprio povo do que contra qualquer ameaça externa real. Esse ethos nunca foi verdadeiramente desmontado. Ao contrário, foi reciclado e sofisticado sob o manto de “modernização doutrinária” nos anos 1990 e 2000, quando setores militares começaram a adotar de forma acrítica as chamadas doutrinas OTAN-compatíveis. Foi assim que se introduziu no Brasil a chamada Doutrina Delta, inspirada nas táticas da Guerra do Golfo e centrada na ideia de força de reação rápida, simetria tecnológica e poder aéreo decisivo. Um modelo que nada tem a ver com a realidade amazônica, fronteiriça, urbana e geográfica do Brasil.
Mesmo com sua revogação formal em 2014, o espírito da Doutrina Delta permanece vivo, recodificado nas chamadas “operações no amplo espectro”, copiadas diretamente dos manuais estadunidenses de guerra assimétrica, contraterrorismo e pacificação. O Exército passou a se preparar para guerras que jamais travará, e se esqueceu de planejar para as guerras que já enfrenta: a guerra informacional, a guerra psicológica, a guerra digital, a guerra contra a fome, o desmatamento, o crime organizado transnacional e a sabotagem industrial. Em nome da interoperabilidade com a OTAN, o Brasil tornou-se operacionalmente incapaz de pensar com cabeça própria. Adotamos jargões estrangeiros — “full spectrum dominance”, “network-centric warfare”, “smart power”, “joint readiness” — mas somos incapazes de projetar um satélite de defesa autônomo ou proteger nossa infraestrutura cibernética.
Essa dependência doutrinária é, na prática, um crime estratégico. Enquanto países como China, Índia, Irã e mesmo Turquia constroem suas doutrinas com base em sua história, geografia, cultura e interesses próprios, o Brasil forma suas lideranças militares com base em cursos oferecidos em academias dos Estados Unidos, em visitas guiadas a bases da OTAN e em traduções mal digeridas de documentos do Pentágono. É uma elite fardada que pensa com a cabeça do colonizador, fala com a língua do ocupante e sonha com as armas do opressor.
Esse esvaziamento doutrinário é visível nas estruturas de formação estratégica. A Escola Superior de Guerra (ESG), que deveria ser um polo de pensamento autônomo sobre defesa nacional, tornou-se há décadas uma instituição burocrática, capturada por pensamentos de baixa densidade intelectual e refém de visões geopolíticas anacrônicas. Em vez de formar quadros capazes de pensar o Brasil no século XXI, a ESG forma oficiais que repetem diagnósticos da RAND Corporation, do Atlantic Council e de fundações privadas de matriz estadunidense.
O resultado é um vazio estratégico perigoso. Não existe, hoje, nas Forças Armadas brasileiras, uma doutrina real de guerra cibernética. Não existe uma doutrina de soberania informacional. Não existe um plano integrado de defesa territorial com base em tecnologia nacional. Não existe uma política de articulação com os países do Sul Global em matéria de inteligência. O que existe são adaptações periféricas de manuais estrangeiros, travestidas de inovação, mas que, na prática, perpetuam a dependência.
Esse modelo de pensamento subalterno é funcional ao projeto da extrema-direita global. Ele cria militares que não são cidadãos de uma pátria latino-americana, mas servidores de uma visão de mundo hostil ao Brasil. A naturalização do alinhamento com os Estados Unidos e Israel — travestida de “parceria estratégica” — não apenas compromete a soberania brasileira como forma uma base ideológica para o projeto neocolonial da nova direita armamentista, entreguista e antinacional.
Hoje, as Forças Armadas brasileiras não possuem capacidade real de resistir a uma agressão externa de alta intensidade, tampouco de proteger o Brasil em um cenário de guerra híbrida sofisticada. São Forças operando sob doutrinas que não as preparam para os desafios contemporâneos, utilizando tecnologias que não dominam, formando quadros que não pensam o país como um projeto soberano. E o mais grave: o fazem com orgulho. Orgulho da submissão, orgulho da dependência, orgulho da servidão estratégica. Esse é o colapso doutrinário. E dele decorre tudo o mais.
Forças de Segurança como Cavalos de Troia da Extrema Direita.

O Brasil vive hoje sob um paradoxo institucional perigoso: enquanto o governo federal tenta reconstruir a soberania nacional diante de um cenário geopolítico conflagrado, as principais estruturas de força interna — Forças Armadas, polícias militares, inteligência, sistemas de vigilância — permanecem dominadas por uma cultura ideológica hostil ao próprio projeto democrático-popular. São instituições majoritariamente capturadas por uma mentalidade antipopular, tecnofascista, reacionária e profundamente alinhada à agenda neocolonial do eixo EUA-Israel. Não se trata de um desvio pontual ou de uma infiltração oportunista — trata-se de uma reengenharia estrutural de subjetividade institucional, forjada ao longo de décadas de doutrinação e acelerada brutalmente nos últimos anos pelo bolsonarismo, pela guerra cultural digital e pelos novos mercadores da segurança global.
Polícias militares estaduais, forças especiais, gabinetes de segurança institucional e departamentos de inteligência operam hoje como vetores diretos da guerra cultural e informacional contra o povo. Há uma simbiose quase religiosa entre os aparatos repressivos brasileiros e o projeto messiânico de extrema-direita que venera Israel como modelo de Estado militarizado, idolatra o armamento civil como extensão da soberania individual (desde que branca, conservadora e cristã), e enxerga nas ferramentas de controle digital uma nova forma de “higienização moral” do espaço público. Não por acaso, bandeiras de Israel eram erguidas nos acampamentos golpistas de 2023, ao lado de Bíblias, fardas e armas automáticas. O sionismo militarizado converteu-se em fetiche ideológico da nova ultradireita brasileira, com apoio explícito de generais reformados, pastores, deputados da bala e oficiais da ativa.
Essa captura simbólica, no entanto, não existe sem base material. As forças de segurança do Brasil — de favelas a fronteiras, de presídios a portos — estão progressivamente integradas a um complexo de tecnologias desenvolvidas, geridas e controladas por empresas estrangeiras, muitas delas israelenses ou estadunidenses. Sistemas de reconhecimento facial, drones de patrulha urbana, softwares de interceptação de mensagens, bancos de dados integrados e plataformas de comando e controle são comprados com verbas públicas e implantados sem transparência, sem debate legislativo e sem cláusulas de soberania tecnológica. As empresas fornecedoras — como Cellebrite, Elbit Systems, Cognyte, Palantir, Rafael Advanced Defense Systems e outras — estão diretamente associadas a regimes de ocupação, repressão política e genocídio em curso, como a Palestina. São empresas que tratam favelas, periferias e zonas urbanas brasileiras como “teatros de operação”, importando para o território nacional a lógica da exceção permanente.
Com isso, os corpos das classes populares, dos povos indígenas, da juventude negra e das lideranças políticas de esquerda passam a ser alvos diretos de uma política de segurança baseada na vigilância total, na antecipação punitiva e na letalidade programada. Trata-se de um sistema que vê o cidadão não como sujeito de direitos, mas como risco a ser neutralizado por algoritmos. Um modelo que substitui políticas públicas por policiamento inteligente, que abandona a mediação social em favor da guerra preventiva. E tudo isso com a anuência e o entusiasmo de setores armados do Estado brasileiro que já não se enxergam mais como parte de um projeto nacional, mas como milícias morais a serviço de uma cruzada civilizatória global.
O armamentismo militante é a face visível dessa radicalização. A cultura da bala, alimentada por decretos de desregulação armamentista, clubes de tiro evangélicos e influenciadores digitais de extrema-direita, constitui hoje um ecossistema que une militares, empresários do setor bélico, traficantes legalizados de armas, policiais treinados em Israel e evangelistas políticos que pregam o ódio como forma de purificação nacional. Essa cultura não está restrita aos quartéis ou batalhões. Ela já contaminou parte significativa da sociedade civil, que se identifica mais com a estética da repressão do que com os valores da cidadania democrática.
Por trás dessa radicalização armada está um modelo de negócios. O mercado da segurança no Brasil movimenta dezenas de bilhões por ano — e está cada vez mais concentrado nas mãos de empresas estrangeiras que operam com lógicas de guerra. A militarização da vida cotidiana — seja nas escolas com policiais armados, nas câmeras que rastreiam crianças em tempo real, nos drones que sobrevoam quilombos ou nas “soluções de segurança preditiva” vendidas a prefeituras — é, antes de tudo, um projeto econômico. Um projeto que transforma o medo em lucro, a exceção em norma, a soberania em contrato.
O mais grave, no entanto, é que essas forças, que deveriam proteger o povo, estão sendo preparadas para agir contra ele. Em um cenário de instabilidade política, apagão tecnológico, sabotagem informacional ou crise internacional provocada por sanções dos EUA e da OTAN, essas instituições podem ser acionadas como instrumentos internos de repressão, ruptura e desestabilização. Não se trata de especulação. Trata-se de risco calculado. Uma polícia treinada por Israel, equipada por empresas do complexo militar-industrial dos EUA e ideologicamente capturada pela extrema-direita bolsonarista não será leal ao Estado Democrático de Direito em momentos de ruptura. Será leal ao seu verdadeiro comandante: o projeto civil-militar global que transformou o Brasil em laboratório.
Em suma, as forças de segurança brasileiras não são neutras. São estruturas em disputa. E hoje, em sua maioria, operam como cavalos de Troia no coração do Estado, prontas para serem ativadas como agentes da destruição institucional, caso seja essa a ordem do comando externo. Ignorar isso é ingenuidade. Permitir que continue é suicídio.
O Cenário de Apagão — Guerra Cibernética e Colapso Induzido.

O Brasil está hoje sentado sobre uma bomba de tempo invisível. Uma bomba que não explode com pólvora, mas com linhas de código. Não derruba prédios com mísseis, mas desliga radares com um comando remoto. Não precisa invadir com tanques, porque já está implantada dentro dos sistemas, redes, chips, satélites e softwares que compõem a infraestrutura crítica do Estado brasileiro. Este é o novo teatro da guerra: o cibernético, o informacional, o invisível — e o Brasil, neste tabuleiro, ocupa a posição mais perigosa de todas: a do refém blindado com plástico bolha.
Um cenário de apagão cibernético e colapso operacional induzido não é apenas possível — é projetável com base nas dependências já identificadas. Boa parte dos sistemas de defesa, vigilância, logística e telecomunicação do país opera com softwares proprietários, protocolos fechados e contratos blindados com empresas estrangeiras — majoritariamente dos Estados Unidos e de Israel. Esses sistemas, que vão dos radares da Amazônia a centrais de comando da Força Aérea, dos centros de dados da Receita Federal às redes de radiocomunicação da Marinha, não estão sob pleno controle nacional. São máquinas sofisticadas que funcionam enquanto seus donos externos permitem. E se os donos se tornarem inimigos, ou simplesmente decidirem punir o Brasil por sua postura geopolítica — como Trump já ameaçou e a OTAN já sinalizou — basta virar a chave.
O que acontece se, em meio a uma escalada internacional, a Raytheon suspender as atualizações dos radares da região amazônica? O que acontece se os softwares da Elbit que operam nos drones e sensores da Polícia Federal forem desativados por segurança contratual? O que acontece se a infraestrutura de computação em nuvem que armazena dados fiscais, eleitorais e judiciais do país for bloqueada unilateralmente sob alegação de “compliance internacional”? O que acontece se sistemas de comando e controle da Defesa forem alvo de um ataque cibernético silencioso, sem rastros visíveis, mas com efeitos devastadores?
A resposta é clara: colapso. Um colapso que não precisa de tanques nas ruas, porque se manifesta com paralisia de sistemas, perda de comunicação entre setores estratégicos, apagões regionais, instabilidade de dados, desinformação massiva e pânico operacional. É a guerra sem ruído, mas com consequências mais letais do que qualquer bombardeio.
Esse tipo de ataque — e ele deve ser chamado assim: ataque — não seria espontâneo, tampouco acidental. Ele seria ativado estrategicamente como instrumento de pressão ou punição geopolítica, diante de um país que ousou não se alinhar à lógica unipolar do Ocidente. E o Brasil, ao se posicionar nos BRICS, ao apoiar a Palestina, ao tentar regular as big techs, ao investir em integração bioceânica sem o aval dos EUA, tornou-se um corpo estranho ao sistema. Um corpo que o sistema precisa neutralizar — e, se necessário, desligar.
O grande risco, no entanto, não é apenas o colapso técnico. É o colapso institucional subsequente. Um apagão tecnológico em áreas críticas (defesa, comunicações, dados) provocaria pânico social, desorganização política, erosão da autoridade estatal e espaço aberto para narrativas golpistas, intervenções internas e manipulações algorítmicas em larga escala. O discurso do “caos inevitável” já está pronto: ele será transmitido pelas mesmas redes que ajudaram a financiar os ataques às instituições em 8 de janeiro. As mesmas redes que articulam milícias digitais, desinformação religiosa e guerra cultural permanente. Um país fragilizado por fora e em ebulição por dentro se torna presa fácil para a instalação de regimes de exceção — civis, militares, tecnocráticos ou híbridos.
A guerra híbrida, neste ponto, deixa de ser apenas uma metáfora. Ela se concretiza como colapso de soberania em tempo real. E o Brasil, diferentemente de outras potências regionais, não tem hoje backup doutrinário, plano de contingência tecnológico ou blindagem institucional para reagir. Dependemos de fornecedores que nos ameaçam. Treinamos nossas forças com os mesmos que nos espionam. E colocamos nossas informações mais sensíveis sob a custódia de empresas que respondem a ordens de um centro imperial em guerra aberta com o Sul Global.
Se a OTAN quiser nos punir, não precisará lançar um míssil. Bastará apertar um botão. E se isso acontecer, as mesmas forças de segurança que hoje usam drones israelenses e softwares estadunidenses estarão prontas para agir contra o povo. Não por lealdade à Constituição, mas por fidelidade ideológica a um projeto autoritário transnacional. O risco, portanto, não é apenas técnico. É sistêmico, psicológico e institucional. E já está sendo ensaiado.
É preciso dizer com todas as letras: o Brasil pode ser deliberadamente desestabilizado por meio de um apagão de defesa nacional. E esse apagão não será uma consequência — será uma estratégia.
Por uma Nova Doutrina de Defesa — Informação, Soberania e Povo.

Nenhuma nação sobrevive ao século XXI sem soberania informacional. Nenhuma democracia resiste a ataques híbridos sem inteligência estratégica. Nenhum Estado existe de fato se não for capaz de se defender com os próprios meios, com seu próprio pensamento e com seu próprio povo. O Brasil precisa de uma nova doutrina de defesa. E precisa agora.
O que temos hoje é um entulho doutrinário moldado por interesses externos, por mentalidades colonizadas e por estruturas caducas que sequer reconhecem o campo de batalha contemporâneo. Vivemos sob a ilusão de que ainda estamos nos preparando para guerras convencionais, quando já estamos sendo atacados há duas décadas por estratégias de desinformação, sabotagem econômica, lawfare, espionagem digital e controle algorítmico. A guerra já começou. E o Brasil, até aqui, responde com protocolos desatualizados, formação militar anacrônica e submissão tecnológica.
É preciso romper. Mas romper com método. O que está em jogo não é apenas mudar armas ou contratos. É mudar a cabeça que pensa a defesa. É refundar o próprio conceito de soberania à luz do tempo histórico que vivemos. Uma nova doutrina de defesa precisa ser construída a partir de três eixos indissociáveis: soberania informacional, capacidade tecnocientífica autônoma e centralidade do povo como sujeito estratégico da proteção do país.
A soberania informacional não é um tema lateral — é a base da defesa moderna. Significa controle pleno sobre os fluxos de dados que atravessam o território nacional, sobre os sistemas que captam, armazenam, processam e decidem em nome do Estado. Significa ter autonomia em redes, satélites, sistemas de comando e controle, linguagens de programação críticas e plataformas de inteligência artificial. Significa também saber se proteger de guerras cognitivas, narrativas falsas, algoritmos manipuladores e estruturas digitais que operam como armas. A defesa nacional, no século XXI, é travada com megabytes, não só com metralhadoras.
O segundo eixo é a capacidade tecnocientífica autônoma. Não basta ter tanques, drones ou mísseis. É preciso saber projetá-los, atualizá-los, auditá-los. E isso exige reconstruir o elo estratégico entre universidades públicas, institutos militares de pesquisa, centros tecnológicos civis e empresas nacionais com compromisso com o país. Significa reerguer a engenharia nacional — sabotada pela Lava Jato — e proteger os cérebros do Brasil da migração forçada, da precarização ou da captura pelo mercado estrangeiro. Cada engenheiro formado pelo ITA que vai trabalhar na Raytheon é uma perda de soberania. Cada patente nacional comprada por fundos israelenses é uma amputação estratégica. É preciso romper com isso.
Mas tudo isso só faz sentido se o povo for o sujeito central do projeto de defesa. Não como massa a ser vigiada ou reprimida, mas como base viva da soberania. A nova doutrina de defesa deve ser popular, democrática e nacional. Deve se basear na proteção dos territórios indígenas, na defesa da biodiversidade, na soberania alimentar, energética, cultural e digital. Deve blindar escolas, universidades, quilombos, cooperativas, redes de comunicação livre e movimentos sociais como parte do sistema de defesa ampliada. A pátria é o povo. E o inimigo é quem atenta contra ele — seja com armas, seja com dados.
Isso significa, por exemplo, criar zonas de defesa informacional onde redes sociais não possam operar sem transparência, onde dados estratégicos sejam armazenados em servidores públicos auditáveis, onde plataformas estrangeiras sejam reguladas com mão firme, e onde qualquer contrato de segurança digital passe antes por escrutínio de soberania. Significa também desenvolver um programa nacional de ciberdefesa pública, com centros de resposta rápida a ataques digitais, cooperação Sul-Sul em segurança algorítmica, e formação de quadros populares capazes de entender e atuar no novo campo de guerra.
A nova doutrina de defesa deve também reconhecer a comunicação como dimensão da batalha. Não se trata apenas de censura ou contra-informação, mas de proteger a psique coletiva da manipulação contínua promovida por think tanks estrangeiros, mídias mercenárias e estratégias de guerra cultural. É preciso uma política nacional de formação crítica, educação midiática, letramento algorítmico e soberania narrativa. Precisamos disputar o imaginário. Precisamos nos ver com nossos próprios olhos — e nos defender de dentro para fora.
Por fim, essa doutrina só será viável se rompida a simbiose entre forças armadas e extrema-direita. É hora de refundar o pacto militar nacional com base em três princípios: lealdade ao projeto civilizatório brasileiro, subordinação ao poder civil progressista, e compromisso com a autodeterminação dos povos. Nenhum militar deve servir a interesses estrangeiros. Nenhum general pode ser tutor da nação. Nenhum armamento pode ser usado contra o povo.
O Brasil precisa de uma doutrina de defesa que seja mais do que militar. Ela precisa ser epistemológica, tecnológica, popular e anticolonial. E precisa ser construída agora — antes que o próximo apagão venha como sentença final. Não se trata de paranoia. Trata-se de sobrevivência.
Conclusão — O Brasil será soberano ou será colônia armada.

Não há mais tempo para meias-palavras. O Brasil está no centro de uma guerra que não declarou, mas da qual é alvo desde o momento em que ousou afirmar sua soberania. Estamos sendo cercados. Não por exércitos convencionais, mas por contratos tecnológicos envenenados, sanções veladas, doutrinas colonizadas, softwares inseguros, dados vazados, armamentos importados e alianças que nos amarram como vassalos em meio à tempestade geopolítica do século XXI.
As ameaças recentes feitas pelos Estados Unidos e pela OTAN, os bloqueios tarifários de Trump, a chantagem informacional, a sabotagem diplomática e o monitoramento permanente exercido por empresas como Raytheon, Elbit, Palantir e Cellebrite não são casos isolados — são manifestações de uma estratégia mais ampla: a de impedir que o Brasil deixe de ser zona de influência e se torne polo de poder soberano. E essa estratégia não age apenas de fora para dentro. Ela conta com operadores internos: militares subalternos, políticos colonizados, juízes entreguistas, jornalistas comprados e executivos que trocam o futuro do país por contratos milionários.
Hoje, o risco não é apenas a ocupação externa. O risco é a desativação interna. Um apagão cuidadosamente induzido nas estruturas que sustentam nossa defesa, nossa inteligência, nossa economia, nossa coesão social. Um corte silencioso que desconecta radares, desliga bancos de dados, bloqueia satélites, paralisa comandos, neutraliza servidores, corrompe sistemas e paralisa a máquina estatal. Tudo isso possível por um simples fato: não controlamos nossas ferramentas. E quem não controla seus próprios meios estão a um passo de ser apagado.
Mais grave ainda é o papel das forças de segurança, cada vez mais ideologicamente capturadas por um projeto civilizatório fascista, miliciano, racista, armado, patriarcal e neoliberal. Um projeto que usa a imagem de Israel como modelo, os manuais do Pentágono como doutrina, a Bíblia como escudo e o povo como alvo. Se não rompemos agora essa simbiose perversa entre repressão interna e dependência externa, corremos o risco real de que as forças armadas e policiais brasileiras não defendam o Brasil num cenário de colapso — mas ajam contra ele, como força de contenção da própria soberania nacional.
O que está em jogo, portanto, é uma encruzilhada histórica: ou reconstruímos nossa doutrina de defesa com base no povo, na ciência, na soberania, na tecnologia nacional e na autodeterminação — ou seremos um Estado armado, vigiado, endividado, colonizado e constantemente ameaçado de desligamento. Um Estado onde o povo será mantido sob controle, mas nunca em segurança. Onde a Amazônia será monitorada, mas não protegida. Onde os dados circularão, mas não pertencerão a nós. Onde a democracia será celebrada, mas nunca garantida.
Não basta mais denunciar. É preciso agir. Este artigo não é apenas um texto — é um documento estratégico, um alerta, uma convocação. Deve ser lido por parlamentares, por oficiais que ainda tenham senso de pátria, por professores, por engenheiros, por comunicadores, por líderes sociais, por sindicalistas, por diplomatas e por todo aquele que compreende que soberania não se terceiriza, não se aluga, não se negocia. Soberania se constrói, se defende, se vive.
O Brasil será soberano ou será colônia armada. Essa é a escolha. E o tempo da escolha é agora.
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