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Passeios matinais e soberania informacional

  • Foto do escritor: Luís Delcides
    Luís Delcides
  • 13 de ago.
  • 3 min de leitura

Por Luis Delcides, advogado e jornalista


Todas as manhãs passeio com a Duquesa, uma cadela caramelo, SRD (Sem raça definida) pelas ruas de um ex-bairro arborizado da Zona Leste, que se transformou em um grande polo comercial e um local de passagem. Atualmente,a Cidade Satélite é puro concreto, congestionamento e poluição


Passeios matinais e observações cotidianas



Minha cachorra precisa fazer aquela “inspeção”, palavra sempre mencionada por Eduardo da banca de jornal - atualmente banca de tudo, desde jogos de azar até venda de doces. Logo, a primeira visita é no Pet shop, onde o proprietário é um exímio leitor da revista Oeste, onde seu fundador, J.R. Guzzo, partiu fora do combinado – como dizia Rolando Boldrin – e foi se encontrar com Olavo de Carvalho pra tragar o Minister, aquela marca de cigarro antiga, na manhã de hoje.


Atravesso a rua e aquela visitinha numa loja de quitutes mineiros e uma das atendentes é filha do proprietário e, como o jornalistão ainda reside no advogado, comecei a mandar uma pergunta curiosa: moça, como você se informa? Qual é à sua maneira de buscar informações?


Ela começou a dizer que não assiste mais telejornais. Ela não gosta de ser manipulada e apenas foca nas informações das redes sociais e do “zap”. Só se rolar muita curiosidade, ela “dá um Google” e vai nos portais – UOL, metrópoles e Infomoney. 

O consumo de informação e a ausência de educação midiática



Perguntei se ela conhecia Brasil 247, My News, ICL, DCM, Portal do José, Andrea Gonçalves, Revista Fórum. Ela disse que não conhecia – sim, a moça é de direita e fã do Deputado Nikolas Ferreira (a quem chamo carinhosamente de liliputiano-mineirinho). 


Enfim, segui meu caminho com Duquesa pelo bairro. Fiz a volta de quase 3 quilômetros até a minha casa. A minha cadela precisa desse circuito, eu também, por produzir muitas tarefas em casa, no escritório e lidar com a transição de carreira – estou saindo do jornalismo e atuando há quase dois anos como advogado.

Soberania informacional e o papel das políticas públicas



A motivação para escrever este texto é pensar no quesito informação, principalmente quando o Rey Aragon, em seu ensaio “A técnica em disputa”, traz o desafio da soberania informacional e a guerra híbrida. 


Antes de qualquer coisa, primeiramente, sou agradecido pelo fortalecimento da mídia alternativa, especialmente a do campo democrático progressista. Segundo, se não fosse esta, estaríamos vendidos e alienados por uma mídia golpista e submissa aos interesses financeiros.


Se a moça da loja de quitutes mineiros tem medo de ser manipulada, falta-lhe a educação midiática. Para haver essa instrução é necessário domínio da informação, garantir a soberania informacional com a construção de infraestruturas públicas de dados, redes de comunicação autônoma. Ou seja: a nossa plataforma nacional para abrigar os canais democráticos de mídia!


Para tal, é preciso estimular nossos cérebros, valorizar a pesquisa científica – sou pesquisador voluntário de um grupo que trata sobre Constituição e Estado Democrático de Direito – e estou lutando juntamente com meus colegas para uma verba para o nosso grupo trabalhar e continuar pesquisando sobre Segurança Jurídica Coletiva.


Logo, se houvessem mais políticas públicas focadas no desenvolvimento, haveria uma forma da sociedade ter maior poder para controlar seus fluxos informacionais, sem depender tanto das big techs americanas, como o YouTube (a mais conhecida e com maior acesso).

O desafio da disputa narrativa e a necessidade de ação



No entanto, como a nossa formação escolar é focada em resultados e não no preparo crítico do sujeito, o cenário é: Jornal Nacional, Jovem Pan, Pulo do Gato, Tia do Zap e oração das seis como fonte de informação. Quando se apresenta Andrea Gonçalves, DCM, Brasil 247, ICL, MyNews, Portal do José, Aquias Santarém, são considerados comunistas pela irmã Loide do grupo de oração da alvorada.


É fácil a irmã do grupo de oração da prima hora della mattina taxar tudo o que vê de plural, comunitário, social de “comunista”. Ora, talvez ela decorou João 8:32 e não entendeu o contexto onde Jesus dizia sobre o conhecimento da verdade. Sim, é o conhecimento da mensagem e ela tem poder de libertar.


Até Jesus, gente, entendeu bem o conceito de soberania informacional. Aliás, não só entendeu, mas apregoou e espalhou a mensagem de soberania comunicacional por toda a Judeia e Samaria, territórios atualmente localizados na Cisjordânia, de acordo com os mapas atuais.


Dificil passar a importância da boa informação e a busca por uma informação de qualidade para as pessoas? Sim, mas, por outro lado, é preciso de políticas públicas e uma disputa mais acirrada para que as mentes não possam ser “sequestradas” por discursos travestidos de “Deus, pátria e família”, mas é o povo tomar os meios comunicacionais, parafraseando Marx em “O capital”.

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