Serão os sinais?
- Redação
- 28 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de jul.
Por Luís Delcides, advogado e jornalista

Recebi um convite para a Feira do Empreendedor que aconteceu na sexta e sábado na Expo Center Norte, na região Norte da Cidade de São Paulo. Muitos expositores, grandes, pequenos, médios e gente no início de tudo, ou seja: caiu de paraquedas no universo empreendedor.
Logo, para escrever sobre a feira, é preciso dar alguns passos para trás e voltar ao sair de casa e a viagem de metrô até a feira. Ao fazer a baldeação para a linha 2 verde – o lugar onde moro é servido pela linha 15 prata (monotrilho) – me chama a atenção ao ver uma família com uma camiseta com o dizer “Serão os sinais”.
Filho, pai, mãe, avó , todos devidamente uniformizados , provavelmente um evento de uma igreja evangélica neo-pentecostal. Fiquei observando o comportamento eufórico da família indo ao evento e eu indo para outro evento, com meus cartões de visita para marcar território e ampliar networking da minha recente profissão: advogado.
Desse modo, o “Serão os sinais” me chamou muita atenção. A pauta do momento é a taxação de 50% dos produtos brasileiros pelo presidente Norte-americano Donald Trump. Também, a histeria da extrema-direita, especialmente de seus parlamentares e o comportamento ameaçador da famigila tradizionale brasiliana – vocês sabem de quem me refiro, certo?
Ao chegar na Feira do Empreendedor, resolvi entrar por uma rua repleta de pequenos empreendedores, gente começando no universo, sem preparo algum, sem o amparo de empresas de comunicação focadas em Pequenos empreendedores. Sim, eu trabalhei por um tempo em empresas de comunicação e para um micro-empresário o custo é bastante alto para um investimento em comunicação.
Por outro lado, ao pensar na ideia de “Serão os sinais”, será que é o momento das empresas de comunicação se aproximarem mais dos pequenos e oferecem serviços customizados, de acordo com o tamanho da empresa desses novos empreendedores?
Outra situação bem inusitada na Feira do Empreendedor: a presença maciça da extrema-direita como expositor, especialmente os coaches – lembrei do Prof. Viaro com o seu livro “O anti-coach: a gênese do caos” – Esses dizeres: “Acreditamos no poder da educação que transforma”, “visão, método e conexões”, “Ecossistema de transformação”.
Frases fortes, impactantes. Logo, ao trazer a ideia do Félix Guatarri sobre os “Agenciamentos Coletivos de Enunciação”, uma forma de construir a realidade, por meio das interações e discursos. Também é preciso trazer na pauta os “mecanismos coletivos de inibição”, definido por Guatarri e Deleuze na obra “mil platôs: capitalismo e esquizofrenia”, com toda a sua sutileza e o seu funcionamento como um novo mecanismo metamorfósico de uma máquina de guerra.
É perceptível a presença desses elementos em uma Feira do Empreendedor. Para apimentar mais e colocar mais lenha na fogueira, a Máquina de Guerra se faz presente em vários momentos no evento, especialmente nas palestras e na venda de serviços de formação de palestrantes.
Comunicar é preciso? Sim. Necessário? Sim. Logo é preciso pensar nos efeitos dessa comunicação! Quem é o destinatário da mensagem? Como a mensagem será levada e transmitida? É para convencer pessoas para um propósito plural ou para descodificar e desterritorializar e deixar os sujeitos em estado de fuga?
Essas linhas de fuga podem estar disfarçadas de liberdade, independência, carreira solo. Também elas podem se disfarçar de humildade, diálogo e afastamento da arrogância. Logo, onde fica a autenticidade, o olhar critico e o grito contra a exploração e a desumanização?
Jonh Holloway, em “Mudar o mundo, sem tomar o poder” compreende que o grito e a luta pela emancipação não podem estar separados. Logo, a beleza do empreendedorismo e os sinais reais, nítidos e claros para a pergunta da camiseta, está na criação de um mundo de respeito mútuo e de dignidade.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete necessariamente a opinião do <código aberto> (mas provavelmente sim)
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