Smart Glasses: Por que a tecnologia que você não precisa já quer te dominar
- Heitor Aragon
- há 1 hora
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Apple, Meta e o mercado de gadgets investem em produtos ainda em desenvolvimento para criar desejo antes mesmo da utilidade real.
Óculos inteligentes prometem revolucionar a forma como vivemos, mas a verdade é que o mercado de tecnologia prefere moldar o que compramos antes de entregar algo realmente necessário.
O mercado de tecnologia vive em um ritmo frenético de inovações, muitas vezes ditadas mais pelo impulso mercadológico do que pela necessidade real dos consumidores. O recente movimento de gigantes como Apple e Meta com seus óculos inteligentes – Apple Glass e Ray-Ban Meta Display – é um exemplo claro de como a indústria está mais interessada em criar desejo do que em resolver problemas concretos.
Enquanto a Meta já lançou dispositivos capazes de controlar mensagens, reproduzir música e até capturar fotos discretamente, a Apple trabalha para lançar suas versões apenas em 2027 ou 2028, ainda em fase de desenvolvimento. Mas a pergunta que fica é: precisamos mesmo desses gadgets agora? Ou estamos sendo conduzidos a acreditar que precisamos?
Essa lógica não é nova. Historicamente, a indústria de tecnologia cria produtos “antes da hora” para preparar o terreno do consumo, moldando hábitos e comportamentos. Smartphones, smartwatches e agora smart glasses não surgem apenas para atender demandas existentes, mas para criar novas necessidades, muitas vezes mais relacionadas ao status e à inovação do que a utilidade prática.

Além da pressão mercadológica, essa corrida tecnológica também levanta questões importantes sobre privacidade, segurança de dados e a própria dependência digital. Óculos capazes de capturar fotos ou transmitir informações em tempo real podem transformar interações sociais e trazer riscos que nem sempre são considerados no lançamento.
Em última análise, a corrida pelos gadgets do futuro evidencia uma estratégia clara: o mercado de tecnologia não vende apenas produtos, ele vende a ideia de que você precisa deles. Enquanto isso, consumidores são levados a comprar dispositivos que ainda estão em desenvolvimento, muitas vezes pagando caro por promessas que só se tornarão realidade anos depois – ou que talvez nunca se concretizem completamente.
O desafio, portanto, não é apenas acompanhar as novidades, mas questionar criticamente se essas inovações realmente têm um papel significativo em nossas vidas ou se são apenas mais uma forma de consumo induzido.
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