Motta, centrão e guerra híbrida
- Redação
- 16 de ago.
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Atualizado: há 5 dias

A rachadinha como arma de pressão
Hugo Motta é mais uma face previsível do centrão: fisiológico, sem brilho ético, com assessores envolvidos em práticas de rachadinha que escancaram a degradação da política tradicional. Mas não é disso que se trata agora. A denúncia que o atinge, publicada no timing exato em que ele enfrenta Eduardo Bolsonaro e resiste à anistia dos golpistas, não é mero jornalismo — é instrumento de guerra híbrida. Trata-se de chantagem política, fabricada para emparedar a presidência da Câmara e empurrar o Brasil rumo à agenda da extrema-direita e dos Estados Unidos.
A corrupção e o centrão

Hugo Motta nunca enganou ninguém. Filho de uma família tradicional da Paraíba, forjado nas engrenagens do centrão, sempre atuou como operador pragmático das emendas, cargos e alianças de ocasião. Seu gabinete aparece agora vinculado a um esquema clássico de rachadinha: assessores entregando procurações para que salários fossem controlados pela chefia. Não há surpresa alguma. Motta não é exceção — é a regra. Faz parte de um bloco político que se move por conveniência, onde ética é ornamento descartável. O problema é que, mesmo sendo mais um entre tantos com esse DNA, ele ocupa hoje a presidência da Câmara, e isso transforma sua fragilidade em moeda de pressão.
O timing e a guerra híbrida

A denúncia contra Motta não veio por acaso. Estourou exatamente quando ele resistia à chantagem da anistia ampla e geral e ousava enviar Eduardo Bolsonaro ao Conselho de Ética. Esse sincronismo não é coincidência jornalística: é tática de guerra híbrida. Ataca-se a credibilidade do presidente da Câmara para enfraquecê-lo, forçando-o a negociar o que prometeu não pautar. A rachadinha existe, mas sua exposição neste momento é cálculo político. O recado é claro: ou Motta cede à extrema-direita e aos interesses externos, ou será triturado no moedor da opinião pública.
A engrenagem internacional

Enquanto Motta é alvejado em Brasília, Donald Trump avança de fora para dentro. Tarifa produtos brasileiros, ameaça vistos de autoridades e trata o país como adversário a ser dobrado. Ao mesmo tempo, Eduardo Bolsonaro, em Washington, pede mais sanções contra o Brasil, alimentando a retórica de que Lula deve ser isolado. Essa combinação é didática: a denúncia da rachadinha funciona como braço interno de uma ofensiva que vem de fora. O método é clássico da guerra híbrida — a convergência entre ataques midiáticos, chantagens políticas e pressões econômicas externas para emparedar um governo que ousa não se curvar.
O verdadeiro alvo

A rachadinha de Motta expõe a podridão do centrão, mas não explica o movimento em curso. O que está em jogo não é a ética de um deputado fisiológico, é o destino de um governo progressista que resiste à pressão da extrema-direita e de Washington. O alvo real não é Motta — é Lula, sua base e o projeto de soberania que ameaça os interesses externos. A denúncia é apenas a arma do dia numa guerra híbrida que não dará trégua.

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